SAÚDE QUE SE VÊ

Utentes de Vila Franca de Xira preocupados com falta de médicos

LUSA
27-03-2023 17:52h

Utentes do concelho de Vila Franca de Xira estão preocupados com a falta de médicos na região, antevendo-se a saída de mais um em junho, e com a dificuldade em se marcar consultas nas unidades de saúde locais.

A Comissão de Utentes de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras, no concelho de Vila Franca de Xira, distrito de Lisboa, organizou no sábado um encontro para falar sobre os problemas na saúde local, onde estiveram presentes residente e membros de outras comissões de utentes do concelho vilafranquense.

Em declarações hoje à agência Lusa, Pedro Gago, da comissão de utentes organizadora do evento, revelou que em junho vai sair mais um médico da unidade de saúde familiar (USF) de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras e frisou que o objetivo de todos é defender o Serviço Nacional de Saúde (SNS).

De acordo com dados do Ministério da Saúde, disponíveis no ‘website’ do SNS e atualizados em fevereiro, todos os utentes inscritos na USF Castanheira do Ribatejo têm médico de família, o que Pedro Gago nega.

O dirigente indica que, com a saída deste médico em junho, ficarão apenas dois profissionais naquela unidade, prevendo que fiquem cerca de 5.250 utentes sem médico de família.

Entre os problemas apontados no encontro de sábado estão a dificuldade dos utentes contactarem por telefone os centros de saúde para marcarem consultas e a necessidade de percorrem longas distâncias para serem atendidos.

Segundo Pedro Gago, as unidades de saúde da Póvoa de Santa Iria (Vila Franca de Xira) e de Benavente (no distrito de Santarém) “têm ordem para receber os utentes [de Castanheira] que não têm médico de família”, serviços que estão a mais de 20 quilómetros de distância, mas onde também é difícil ser atendido, refere.

Realçando a falta de transportes públicos para estes locais, Pedro Gago diz que os utentes acabam por recorrer à urgência do Hospital de Vila Franca de Xira.

No sábado, foi lembrada a existência da “consulta aberta” neste hospital, à qual doentes não urgentes podem recorrer nos dias úteis, entre as 18:30 e as 22:00.

Sobre a falta de médicos na zona do Estuário do Tejo, Pedro Gago diz que a comissão de utentes vai sugerir uma colaboração com a Santa Casa da Misericórdia, de forma a prestar cuidados de saúde a quem não tem profissional atribuído e a abertura noturna do centro de saúde de Vila Franca de Xira.

O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Estuário do Tejo abrange os concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Vila Franca de Xira (os quatro no distrito de Lisboa) e Benavente (distrito de Santarém).

Dos 238.388 utentes inscritos, cerca de 100 mil pessoas deste agrupamento não têm médico de família, indicam dados do Ministério da Saúde relativos a fevereiro.

No concelho de Vila Franca de Xira, são quase 47 mil os utentes sem este profissional de saúde atribuído.

As unidades de cuidados de saúde personalizados (UCSP) de Forte da Casa (Vila Franca de Xira) e do Carregado (Alenquer) não têm médicos de família, mostram os registos do ministério.

Na UCSP Azambuja, quase 92% dos utentes estão sem profissional de saúde atribuído, enquanto noutras unidades também existe uma maioria de utentes sem médico de família: UCSP Alenquer (87%), UCSP Benavente (72%), UCSP Póvoa de Santa Iria (71%) e USF Alhandra (64%).

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