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PS/Madeira pede demissão do secretário da Saúde e responsabiliza líder do executivo regional

LUSA
28-02-2020 12:14h

O grupo parlamentar do PS na Assembleia da Madeira pediu hoje a demissão do secretário regional da Saúde e responsabilizou o líder do executivo, Miguel Albuquerque, pela polémica em torno do diretor clínico do Serviço de Saúde.

O ortopedista e antigo deputado do CDS-PP no parlamento insular Mário Pereira, um dos maiores críticos da política de saúde na região, tomou posse em 07 de fevereiro como diretor clínico do Serviço Regional de Saúde (Sesaram), uma nomeação do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, que gerou forte contestação dos médicos.

Trinta e três diretores de serviço e coordenadores de unidades do Sesaram anunciaram a sua demissão, o que representava 66% destes profissionais, de um total de cerca de 50, acabando Mário Pereira por apresentar quinta-feira o seu pedido de exoneração do cargo, justificando a decisão por não ter conseguido o “consenso imprescindível” para concretizar os seus objetivos.

Para o grupo parlamentar do PS/Madeira, o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, "tem a total responsabilidade por toda esta situação", considerando que o chefe do executivo madeirense “achincalhou a classe médica e incitou às demissões dos dirigentes”.

No comunicado, assinado pelo líder parlamentar, Miguel Iglésias, os deputados socialistas também defendem que “a saída de Mário Pereira tem de ser consequente e o secretário regional da Saúde [Pedro Ramos] tem de tirar consequências”.

Para o PS/Madeira, Pedro Ramos “é o principal derrotado com toda esta situação e não tem condições de continuar à frente da tutela”.

Os deputados socialistas insulares “lamentam toda a situação gerada em torno da direção clínica do Sesaram, reveladora da incompetência política e falta da estratégia do Governo Regional, verificando-se a total instrumentalização e partidarização da Saúde, setor fundamental para todas e todos os madeirenses”.

No documento, sublinham que, durante três semanas, a região viveu “uma situação inédita no país”, porque se assistiu à “renúncia da maioria dos diretores de serviço do hospital, que levou à intervenção do bastonário da Ordem dos Médicos”.

Conforme anunciou hoje o Diário de Notícias da Madeira, Mário Pereira vai assumir a presidência da Comissão de Acompanhamento do Novo Hospital do Funchal.

Sobre isto, os socialistas madeirenses afirmam tratar-se de uma “artimanha que visa satisfazer os egos da coligação PSD e CDS [no executivo da Madeira] e que prova que a este governo não interessa resolver problemas, mas sim encontrar lugares para todos os seus ‘homens de mão’”.

“Esperamos igualmente que toda esta instabilidade na direção clínica não tenha consequências no serviço prestado pelo Sesaram, em particular numa fase em que teremos de lidar com o desafio de possíveis contágios do Covid-19”, conclui o grupo parlamentar do PS/Madeira.

Até ao momento, o Governo Regional não se pronunciou publicamente sobre o assunto, tendo sido infrutíferos os contactos efetuados pela agência Lusa para saber quais os procedimentos depois do pedido de exoneração de Mário Pereira, que foi enviado à comunicação social quinta-feira à noite, através do CDS/Madeira.

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