Uma mulher que saiu recentemente da prisão e que está infetada pelo coronavírus Covid-19 conseguiu viajar mais de 1.100 quilómetros desde Wuhan até Pequim, infringindo as medidas de quarentena, informou hoje a imprensa local.
Segundo o jornal estatal Global Times, a mulher, de sobrenome Huang e natural de Pequim, regressou à capital chinesa num carro conduzido por familiares no mesmo dia em que saiu da prisão, em Wuhan, cidade onde se propagou o novo coronavírus.
A mulher, que desde 18 de fevereiro tinha febre e dores de garganta, e acabou ser diagnosticada em Pequim, ficou desde sábado até segunda-feira num bairro no sul da capital, o Xinyijiayuan.
"Fomos hoje notificados pelo condomínio sobre este caso de infeção, mas já tinha lido nos jornais", revelou à agência Lusa um dos moradores.
O comunicado enviado aos moradores detalha o prédio e unidade onde a mulher ficou.
"Limparam tudo com desinfetante, ninguém sai de casa", contou à Lusa o mesmo morador, um estrangeiro radicado em Pequim há dez anos. A empresa onde a sua mulher se encontra empregada ordenou, entretanto, que trabalhasse a partir de casa, como forma de prevenção.
O caso, que está a ser investigado pelas autoridades locais, suscitou críticas nas redes sociais chinesas e até na imprensa local sobre a gestão da crise em Hubei, província da qual Wuhan é capital.
Várias cidades de Hubei, que acumula 84% dos casos e 96% das mortes a nível nacional, foram colocadas sob quarentena em 23 de janeiro passado, com entradas e saída bloqueadas.
"O Governo central reiterou repetidamente que os controlos em Wuhan devem permanecer muito rígidos para vencer esta batalha", observou o Global Times.
O jornal considerou que, caso esses esforços não sejam mantidos, "todo o trabalho feito até agora pode ser em vão e causar um ressurgimento do vírus".
A prisão em Wuhan onde Huang cumpriu pena identificou já 230 casos.
Na segunda-feira, as autoridades de Wuhan disseram que iam permitir a saída de não residentes da cidade, desde que não acusassem sintomas, mas acabaram por revogar a decisão no mesmo dia.
O novo secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) em Hubei, Ying Yong, enfatizou na terça-feira que "as saídas de Wuhan permanecem sob controlo restrito".
Segundo os dados atualizados pela Comissão Nacional de Saúde da China, até à meia-noite de hoje (16:00 de quarta-feira em Lisboa), a China somava um total de 2.744 mortos e 78.497 casos confirmados.