A ministra da Saúde disse hoje que estão a ser feitos todos os esforços para garantir a melhor resposta em caso de surto de coronavírus, afastando para já a ideia de restringir as entradas em território nacional.
Marta Temido, que falava à margem de uma visita à Unidade Local de Saúde do Nordeste, que integra três unidades hospitalares e 14 centros de saúde, garantiu que a Direção-Geral de Saúde (DGS) está acompanhar o desenvolvimento epidemiológico do surto, transpondo para o país as medidas que são recomendadas.
"Temos confiança no trabalho que estamos a fazer, no envolvimento de todos os profissionais de saúde, em especial da saúde pública, para pudermos garantir a resposta que os portugueses estão à espera. Fazemos todos esforços no sentido de ter a melhor resposta", afirmou a governante, sublinhando a importância do trabalho de articulação e coordenação "com preocupação máxima", mas "sem alarmismos".
Questionada sobre a possibilidade de Portugal vir a adotar medidas mais restritivas, nomeadamente no acesso a cidadãos provenientes de países ou regiões onde o surto está confirmado, Marta Temido afastou para já esta possibilidade, apesar dos riscos associados a esta decisão.
"Neste momento não temos recomendações da Organização Mundial de Saúde nem do Centro Europeu de Doenças nesse sentido. Ainda ontem mesmo [terça-feira], os países que fazem fronteira a norte com a Itália optaram pela manutenção das fronteiras e do livre trânsito das pessoas. Vivemos num mundo onde as pessoas circulam e, portanto, temos de ter a consciência que isso comporta riscos", declarou.
A ministra reforça, no entanto, que em caso de suspeita deve-se ligar para o Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde - SNS24 (808 24 24 24).
Aos jornalistas, a governante recordou ainda que existem planos de contingência na área da saúde e da hotelaria onde existem protocolos já escritos para que não haja dúvidas de como agir em caso de suspeita de infeção pelo novo coronavírus.
Marta Temido visitou hoje a Unidade Hospitalar de Bragança, no âmbito da iniciativa "Governo mais próximo" que vai levar os governantes a percorrer o país ao longo da legislatura, com o objetivo de "entrar em contacto direto com cada região e a população", e exercer uma "governação de proximidade".
Na quinta-feira, António Costa, que começou o périplo de dois dias no distrito de Bragança no município de Alfandega da Fé, preside a um Conselho de Ministros descentralizado, no Cineteatro de Bragança, cuja agenda é maioritariamente dedicada à valorização do interior.
O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios.
Das pessoas infetadas, quase 30 mil recuperaram.
Além de 2.717 mortos na China, onde o surto começou no final do ano passado, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França e Taiwan.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.
Em Portugal, já houve 16 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises, e um homem hospitalizado em Lisboa está a ser avaliado.
O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.