As medidas tomadas pela China para tentar conter a propagação do novo coronavirus Covid-19, “provavelmente evitaram centenas de milhares de casos” no país, afirmou hoje o enviado da Organização Mundial de Saúde (OMS), Bruce Aylward.
“A redução dos casos que estamos a ver é real. Podemos dizer, com confiança, que estão a baixar de verdade”, disse o médico canadiano numa conferência de imprensa realizada em Pequim, na qual apresentou as conclusões da missão da OMS que liderou no terreno.
A missão começou há duas semanas, quando cerca de 20 peritos internacionais liderados por Aylward chegaram à China para se juntarem aos colegas chineses para estudar a epidemia e avaliar as medidas tomadas pelo governo chinês.
“São provavelmente as medidas de contenção de doenças mais ambiciosas, ágeis e agressivas da história”, indicou o médico, acrescentando que “não há dúvidas de que a atitude da China, perante esta nova patologia respiratória, mudou o rumo do que era, e continua a ser, uma epidemia que se expandia rapidamente e era mortal”.
Bruce Aylward tentou dissipar as dúvidas sobre a fiabilidade dos dados oficiais fornecidos pela China. “No terreno há muitas estatísticas e dados que apoiam a diminuição (de novos casos). Estão a cair, devido às ações empreendidas”, considerou.
O líder da equipa da OMS recordou que até à terceira semana de janeiro, o crescimento de novos casos era “exponencial”.
“Poderíamos esperar que uma curva assim continuasse a crescer e que começasse a cair pouco a pouco, ao não encontrar mais pessoas suscetíveis de infeção. Mas foi bloqueada de uma forma abrupta e acabou por baixar”, declarou.
Este “tremendo esforço”, acrescentou, é “extremamente importante para a China e para o resto do mundo”, referiu.
“Ganhámos algum tempo, mas temos de usar esse tempo melhor do que até agora. Temos de trabalhar rápido. A comunidade internacional, porém, não está mentalizada”, advertiu, no entanto, Bruce Aylward.
O perito da OMS também citou algumas deficiências na reação da China, como os atrasos iniciais dos alertas sanitários e a falta de camas em hospitais, especialmente na província de Hubei, epicentro do surto, apesar de a maioria das suas declarações serem favoráveis às autoridades do país asiático.
Desde que foi detetado no final do ano passado, na China, o Covid-19 provocou 2.592 mortos na China Continental e infetou mais de 78 mil pessoas a nível mundial.
A maioria dos casos ocorreu na China, em particular na província de Hubei, no centro do país, a mais afetada pela epidemia.
Além dos mortos na China continental, já houve também mortos no Irão, Japão, na região chinesa de Hong Kong, Coreia do Sul, Itália, Filipinas, França, Estados Unidos e Taiwan.
As autoridades chinesas isolaram várias cidades da província de Hubei para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.