Um terço das mesas dos casinos de Macau reabriu hoje em Macau, capital mundial do jogo, mas faltam apostadores, que vêm normalmente da China continental, onde o coronavírus Covid-19 já fez 2.118 mortos e infetou 74.576 pessoas.
Com os apostadores da China continental sem vistos para entrar em Macau, confrontados com restrições nas fronteiras e com o súbito e indeterminado cancelamento de voos desde que começou o surto, no final de 2019, a ‘receita’ para o desastre turístico nos ‘resorts’ era previsível.
O diretor executivo da empresa especializada em jogo 2NT8 é das poucas pessoas que percorrem hoje os dois maiores casinos em Macau, o Galaxy e o Venetian.
Esta manhã, Alidad Tash descortinou algumas dezenas de pessoas espalhadas pelas cerca de 50 mesas já abertas ao público e facilmente fez a ‘contabilidade’: mais mesas do que jogadores.
“Antes de fecharem os casinos [há 15 dias], já só estavam abertas 400, 500 mesas por causa da epidemia”, registando-se agora muito menos apostadores com a reabertura gradual de algumas salas de jogo, “menos 90% do que era habitual”, afirmou à agência Lusa.
Contas feitas, o primeiro trimestre das operadoras de jogo está perdido, o segundo não deverá mostrar grandes melhorias, o terceiro é uma incógnita e só o quarto poderá registar resultados positivos semelhantes aos de anos anteriores, previu
Mesmo com as 1.800 mesas já reabertas, segundo as autoridades, Macau amanheceu ainda com os hotéis vazios, sem clientes que ‘alimentem’ a restauração e a apostar todas as fichas na esperança de que a China continental consiga conter o surto o mais rapidamente possível, até porque é sobretudo o agora ‘contaminado’ mercado turístico chinês que faz do território a ‘Las Vegas’ da Ásia.
Uma passagem pelos casinos na faixa do Cotai, onde se encontram os luxuosos ‘resorts’ integrados criados a partir de capital chinês e norte-americano, mostrou o mesmo cenário: funcionários, ‘croupiers’ e meia dúzia de clientes dos espaços comerciais de máscara, um esforço redobrado nas operações de limpeza e desinfeção, uma maior distância entre as mesas de jogo para ‘despistar’ o risco de contágio, a obrigação de todos se sujeitarem a uma medição corporal da temperatura e de apresentarem uma declaração de saúde.
O acesso a estes espaços foi interditado a todas a pessoas que tenham estado na província chinesa de Hubei, onde começou a epidemia do novo coronavírus.
Mas somam-se outras proibições: não são permitidas apostas em pé e aglomerações, pelo que é determinada uma distância mínima entre os jogadores. E, além das mesas tradicionais, também algumas máquinas de jogo eletrónico foram desativadas para se garantir uma distância segura entre os apostadores, que se mantêm longe de Macau, apesar de não se verificarem novos casos no território há 16 dias consecutivos.
O número de infetados com o coronavírus Covid-19 em Macau desceu para quatro após uma nova alta hospitalar anunciada na quarta-feira pelos Serviços de Saúde.
Dos dez casos registados em Macau, este foi o sexto paciente a receber alta, continuando internadas quatro pessoas.
No primeiro dia do mês, os alarmes soaram nas autoridades do território quando ficou confirmado que duas pessoas que trabalham em casinos de Macau e que vivem na vizinha cidade chinesa de Zhuhai estavam infetadas com o novo coronavírus.
Três dias depois, Macau registou dois casos confirmados de novo coronavírus em residentes do território com ligação direta aos complexos onde estão os casinos: uma funcionária do operador Galaxy e um motorista de autocarro da Sociedade de Jogos de Macau.
Nesse mesmo dia, o chefe do executivo de Macau anunciou que os casinos iam suspender operações durante duas semanas. Uma “decisão difícil”, assumiu então, uma vez que os casinos são o motor da economia da capital mundial do jogo.