O cenário atual com que a equipa de técnicos do FMI elaborou a nota antecedente aos encontros dos ministros das Finanças e governadores de bancos centrais do G20 assume que o surto do coronavírus Covid-19 será "contido rapidamente".
"Enquanto o cenário atual assume que o espalhar do vírus será contido rapidamente, com uma recuperação [económica] tardia no ano à medida que a procura reprimida estimula a economia mundial, o impacto poderá ser maior e mais duradouro", pode ler-se na nota que antecipa os encontros dos responsáveis do G20 (19 maiores economias do mundo e a União Europeia), que se realiza no sábado e no domingo.
A nota, elaborada antes dos encontros dos ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20, em Riade, na Arábia Saudita, foi elaborada por equipas técnicas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e não pelo seu conselho executivo, e destaca que "o impacto do coronavírus ainda está em desenvolvimento, e uma variedade de cenários pode ocorrer".
No pior cenário, os técnicos do FMI assinalam que "um surto mais abrangente e mais prolongado, ou uma incerteza persistente sobre o contágio poderiam intensificar disrupções nas cadeias de produção e deprimir a confiança [económica] mais persistentemente, tornando o impacto global mais severo".
Realçando que a "tragédia humana" do coronavírus Covid-19 "está a perturbar a atividade económica na China, uma vez que a produção foi parada e a mobilidade à volta das regiões afetadas limitada", os técnicos do fundo admitem que "contágios [económicos] para outros países são prováveis, por exemplo através de turismo, ligações às cadeias de produção e efeitos no preço das matérias-primas".
As equipas do FMI defendem que a "colaboração global é essencial para a contenção do coronavírus e dos seus custos", e salientam que esta "tem sido e vai continuar a ser essencial para salvar vidas, em primeiro lugar, mas também para conter os danos económicos", bem como para fortalecer capacidades para reagir a futuras epidemias.
Relativamente ao papel da China, a nota dos técnicos do fundo refere que o país "tem mobilizado recursos extraordinários para proteger o seu povo e conter a propagação do vírus dentro e fora das suas fronteiras".
Quanto às previsões económicas para o país liderado por Xi Jinping, a nota elaborada pelas equipas do FMI afirma que "as perspetivas de curto prazo vão depender largamente de uma contenção com sucesso do coronavírus".
"O cenário atual sugere - em linha com experiências semelhantes do passado (por exemplo o surto de SARS em 2002-03) - que a disrupção da atividade económica será seguida de um período de crescimento de recuperação".
A diretora-geral do FMI admitiu no domingo que a previsão de 3,3% para o crescimento da economia mundial possa descer 0,1 ou 0,2 pontos percentuais devido à propagação do coronavírus.
"Por enquanto, a nossa previsão é de 3,3% e pode haver uma redução de 0,1 ou 0,2 pontos percentuais", disse Kristalina Georgieva durante uma intervenção no Fórum Global das Mulheres, que decorre no Dubai.
O coronavírus Covid-19 provocou 2.004 mortos e infetou mais de 74.000 pessoas a nível mundial.
A maioria dos casos ocorreu na China, onde a epidemia foi detetada no final de 2019, na província de Hubei, a mais afetada pela epidemia.
Além de 2.004 mortos na China continental, há a registar dois mortos na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.
As autoridades chinesas isolaram várias cidades da província de Hubei, no centro do país, para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.
Em Portugal houve 12 casos suspeitos, mas em nenhum deles se confirmou infeção.
Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há 45 casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.