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Covid-19: Macau é exemplo na Ásia, mas luta continua – Serviços de Saúde

LUSA
19-02-2020 08:36h

O médico representante dos Serviços de Saúde de Macau Jorge Sales Marques disse hoje à Lusa que o território é um exemplo de prevenção na Ásia, mas alertou que luta contra o coronavírus Covid-19 ainda não acabou.

“Somos um exemplo ao nível da Ásia e de outros países (…) em relação não só às recomendações que foram dadas, como também ao cumprimento [por parte] da população”, defendeu o pediatra que integra a equipa médica de Macau envolvida na linha da frente do combate ao surto do novo coronavírus.

Em entrevista à Lusa, o especialista elogiou tanto as medidas tomadas pelas autoridades para conter a propagação da epidemia que já causou mais de duas mil mortes e infetou mais de 74 mil pessoas a nível mundial, como “o comportamento impecável da população”, que tem seguido os apelos das entidades competentes “à risca”.

Por outro lado, sublinhou a qualidade e quantidade dos equipamentos nos Serviços de Saúde do território, com a existência em número suficiente de material para exames para o rastreio do vírus.

“A prova provada é que não temos casos nem em enfermeiros, nem em médicos. (…) Por alguma razão é”, argumentou, destacando o trabalho efetuado pela equipa de 23 médicos e 60 enfermeiros “que trabalha com as pessoas que têm mais probabilidade de serem infetadas”.

O chefe dos serviços de pediatria do Centro Hospitalar Conde de São Januário aproveitou para deixar um alerta, apesar dos “resultados fantásticos de Macau”, há 14 dias sem registar novos casos: “Isto ainda não acabou. Macau é uma cidade de 600, 700 mil habitantes, mas estamos rodeados por milhões, tanto do lado de Hong Kong, como pelo lado da China”.

Jorge Sales Marques salientou que “esta é uma luta que não envolve só os serviços de saúde, os profissionais de saúde a as entidades competentes, é uma luta da população em geral contra este vírus, porque é um vírus de muito fácil contágio”.

Macau conta atualmente com cinco casos de infeção no território. Dos 10 casos identificados desde o início do surto, cinco já receberam alta hospitalar.

Após um encerramento de 15 dias, iniciado a 04 de fevereiro, os casinos têm 30 dias, a partir de quinta-feira, para reabrir as portas na capital mundial do jogo, sob fortes medidas de prevenção determinadas pelas autoridades de saúde.

As escolas permanecem fechadas, jardins, assim como parques, jardins, espaços desportivos e culturais, bem como estabelecimentos de diversão noturna, enquanto os serviços públicos a garantirem desde segunda-feira serviços mínimos.

Numa fase inicial, o Governo de Macau foi obrigado a fazer uma encomenda de 20 milhões de máscaras de países como Portugal e Estados Unidos, face à falta de resposta do mercado chinês, e decidiu mesmo racionar a sua venda, com a população a apenas poder adquirir 10 máscaras a cada 10 dias. Recentemente, garantiu também um milhão de máscaras para crianças entre os 3 e os 8 anos, cuja aquisição também foi racionada.

As medidas excecionais praticamente paralisaram a economia da capital mundial do jogo, onde chegam anualmente quase 40 milhões de visitantes e cuja indústria turística é também muito dependente do mercado chinês.

O coronavírus Covid-19 provocou 2.004 mortos na China continental e infetou mais de 74 mil pessoas a nível mundial.

Além das vítimas mortais no continente chinês, há a registar um morto na região chinesa de Hong Kong, um nas Filipinas, um no Japão, um em França e um em Taiwan.

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