Pais, enfermeiros e psicólogos vão na sexta-feira constituir em Santa Maria da Feira um grupo de cuidadores de crianças e jovens estudantes com deficiência, revelou hoje a autarquia, que pretende aliviar a carga emocional desse trabalho e partilhar conhecimentos.
A iniciativa parte da Divisão de Educação desse município do distrito de Aveiro, que escolheu a Escola de Educação Rodoviária de Fiães como local do primeiro encontro do grupo e conta reunir aí também encarregados de educação, docentes, tarefeiros escolares e outros profissionais ligados à deficiência em idade letiva, disponibilizando a todos os cuidadores inscritos um serviço de 'babysitting' que lhes permita garantir disponibilidade física e mental para essa reunião.
Segundo refere à Lusa a técnica Catarina Bento, ela própria com dificuldades motoras devido à Ataxia de Friedreich, nas escolas do concelho da Feira estão registadas cerca de 250 crianças e jovens portadoras de algum tipo de deficiência ou de doença crónica como diabetes e intolerância ao glúten.
"Estas crianças e jovens precisam de acompanhamento regular, na escola e em casa, e isso exige muito dos pais e outros cuidadores" em termos físicos, psicológicos e até financeiros, pelo que o objetivo é que neste primeiro encontro se defina a periodicidade das reuniões destinadas a "partilhar experiências e debater soluções para as dificuldades que essas pessoas enfrentam".
Associações de pais e professores do Ensino Especial também integram a lista de convidados para o encontro de sexta-feira, que Catarina Bento encara como "uma oportunidade para que os cuidadores esclareçam dúvidas e falem sobre os seus medos".
A técnica de comunicação na Câmara da Feira realçou que os cuidadores de adultos já dispõem no município de um programa próprio para os apoiar, o "Cuidar de Quem Cuida", que, lançado em 2009 como iniciativa pioneira na ajuda aos cuidadores informais de pessoas com demência ou em recuperação pós-AVC (Acidente Vascular Cerebral), foi entretanto alargado a outras incapacidades e a mais 13 municípios da região Norte.
"Mas ainda não tínhamos nada específico para os cuidadores de crianças e jovens que frequentam a escola, e por isso é que quisemos criar este grupo - para que as pessoas possam falar abertamente sobre as dificuldades que enfrentam no seu dia-a-dia e aprender com outros que viveram situações iguais", declara Catarina Bento.
A técnica admite que, inicialmente, os membros do grupo possam sentir algumas reticências em expor as suas preocupações, mas defende: "Em termos emocionais, só o poder falar-se com outras pessoas que também passam pelo mesmo já é espetacular".