O Conselho de Administração do Hospital de Loures anunciou hoje que suportou a realização de “mais de dois milhões de euros em consultas acima do contratado”, recusando as acusações do Sindicato dos Médicos da Zona Sul.
"O Hospital Beatriz Ângelo tem entendido ser fundamental assegurar os melhores cuidados à população, realizando, por isso, todos os anos, um número de consultas muito superior (mais de dois milhões de euros em consultas acima do contratado, entre 2015 e 2018)", anunciou em comunicado o Conselho de Administração do hospital.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul acusou hoje o Hospital de Loures de estar a bloquear a marcação de segundas consultas, "caso se preveja que o número total de primeiras consultas seja inferior ao contratualizado anualmente com o Ministério da Saúde".
Contudo, no comunicado, enviado pelo gabinete de comunicação do Grupo Luz Saúde, gestor do hospital, que é uma parceria público-privada (PPP), refere-se que, ao contrário do que alega o sindicato, "essas consultas não constituem um acréscimo nos valores pagos ao Hospital Beatriz Ângelo pelo Estado, antes apresentam-se como encargo coberto exclusivamente pelo acionista privado".
O hospital está obrigado, por imposição contratual, a realizar um número de primeiras consultas e consultas subsequentes fixado pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) e, quando esse número é excedido, igualmente por imposição contratual, "tem o dever de referenciar os seus doentes para hospitais centrais da área de Lisboa, nomeadamente o Centro Hospitalar Lisboa Norte", alega o conselho de administração.
A administração sublinha que, "apesar de a procura de consultas exceder anualmente esses valores, e não obstante os pedidos feitos pelo hospital desde 2015 para que os números impostos pela ARSLVT fossem aumentados", o Hospital Beatriz Ângelo tem assumido o encargo dessas consultas.
"Sendo assim, não é verdade o que alega o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, nem o Hospital Beatriz Ângelo compreende as afirmações que lhe estão a ser apontadas. Estamos a assegurar a atividade contratada, excedendo-a em muitas áreas, e a cumprir escrupulosamente o que foi contratado com o Estado", responde o conselho de administração.
Segundo João Proença, do sindicato, "a gestão do hospital tem imposto aos médicos bloquear as segundas consultas": "As pessoas querem marcar segundas consultas dos doentes que foram vistos e não conseguem porque os administrativos impedem de acontecer".
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul, disse João Proença, só agora conseguiu "fundamentação clara e óbvia e necessária para a denúncia sem que seja criado um problema que não seja verdadeiro", tendo pedido uma auditoria ao Ministério da Saúde.
Para o sindicato, trata-se "de uma manobra na qual a Administração da PPP, por motivos económicos, impõe a realização de primeiras consultas aos médicos, desrespeitando os critérios clínicos, ao contrário do que aconselhariam os bons cuidados em saúde".