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Covid-19: Indonésia, sem casos, é exceção no Sudeste Asiático

LUSA
12-02-2020 15:04h

A Indonésia ainda não detetou nenhum caso do novo coronavírus (Covid-19) apesar de ter 270 milhões de habitantes e das frequentes ligações aéreas com a China, revelando-se a exceção na região.

O caso da Indonésia é único no Sudeste Asiático onde já foram detetados casos de pacientes infetados em Singapura (47), Tailândia (33), Malásia (18), Vietname (15), Filipinas (três) e Camboja (um).

Hoje, o Ministério da Saúde indonésio publicou uma mensagem nas redes sociais em que assegurava estar preparado para “responder à epidemia em todas as zonas do arquipélago”, como resposta às incertezas sobre a sua capacidade para enfrentar a crise.

A falta de notificação de casos na Indonésia suscitou o ceticismo entre alguns especialistas estrangeiros e de muitos cidadãos indonésios.

A mensagem das autoridades sanitárias indonésias surge, sobretudo, da advertência lançada a semana passada, por investigadores da T.H. Chan School of Public Health da Universidade de Harvard, dos Estados Unidos, que considerava a inexistência de casos na Indonésia como pouco provável.

Os investigadores do estudo consideram que o país está vulnerável à propagação do vírus, segundo um modelo de probabilidades que calcula o número de casos em função do número de passageiros num avião.

A Indonésia recebe dois milhões de turistas chineses por ano – 5 mil diariamente – e o país conta com voos diretos a partir de Wuhan.

No entanto, somente no passado dia 05 de fevereiro é que o governo na Indonésia suspendeu todos os voos entre o arquipélago e a China continental.

De momento, já foram descartadas 62 pessoas suspeitas de serem portadoras do vírus que apresentavam sintomas parecidos e duas outras aguardam pelos resultados dos testes.

Dos mais de 240 indonésios que foram retirados da cidade de Wuhan - o epicentro do surto - e continuam em quarentena nas ilhas remotas de Natuna, no norte do país, nenhum foi infetado.

Achmad Yurianto, secretário do departamento de prevenção e controlo do Ministério da Saúde indonésio, citado pelo New York Times, assegura: “Nós não estamos preparados para enfrentar um surto importante, mas estamos preparados para o prevenir. Não estamos à espera que ele aconteça, na verdade temos apertado a prevenção”.

A Indonésia tem experiência relativamente à monitorização de doenças em passageiros, disse Yurianto, dado que o país está em estado de alerta por causa de outro perigoso coronavírus, a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS).

O motivo da ausência do vírus no país tem despertado muito debate nas redes sociais, enquanto os ‘media’ especulam e a Organização Mundial de Saúde apela ao Governo para continuar a preparar-se para combater a crise.

“Três razões pelas quais o coronavírus não entrou na Indonésia” é o título de um texto publicado hoje na página eletrónica do portal indonésio, Liputan6, que sugere que o calor pode ser um dos fatores, apesar de outros países da região, com um clima tropical muito parecido, apresentarem dezenas de casos.

Há quem questione a eficácia do equipamento e dos funcionários responsáveis pela deteção do vírus nos aeroportos, como Fajar Triperdana, um jovem da cidade de Bogor, a sul de Jacarta.

Fajar argumenta que há fatores culturais que podem ter influenciado na deteção do vírus:

“Os indonésios são muito reticentes a idas ao hospital se estiverem doentes e acabam por usar medicina tradicional”.

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