Várias corporações de bombeiros estão a alertar para constrangimentos na sequência da entrada em funcionamento, na semana passada, da plataforma de gestão de transportes não urgentes da Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra.
Numa informação colocada na rede social Facebook, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Pedrógão Grande (Leiria) referiu que se têm “verificado muitas dificuldades na emissão e colocação das credenciais de transporte na plataforma”, sendo que as entidades que transportam os doentes “nem sempre recebem atempadamente as credenciais necessárias” para efetuar os transportes.
Segundo a corporação, na ausência das prescrições médicas registadas no sistema, “os transportes apenas poderão ser realizados como serviço particular”, com custos para os utentes.
A associação assegura que “vai continuar a trabalhar para minimizar estes constrangimentos”, ressalvando que esta situação a ultrapassa.
A plataforma de gestão de transportes não urgentes, que passou a ser de utilização obrigatória em todos os polos da ULS de Coimbra, entrou em funcionamento em 03 de novembro.
“Após a aprovação da credencial médica, a atribuição do transporte a uma entidade transportadora é realizada automaticamente pelo sistema, cabendo a esta o contacto direto com o utente para confirmar a data e a hora da deslocação", explicou a ULS em comunicado.
Trata-se da plataforma SGTD – Sistema de Gestão de Transportes de Doentes Não Urgentes, de âmbito nacional, já adotada pela maioria das ULS do país, que garante uniformidade de procedimentos, transparência e maior eficiência na gestão dos transportes de doentes não urgentes.
“Como maior unidade de saúde do país, a ULS de Coimbra gere, diariamente, em média, cerca de 500 agrupamentos de transporte de doentes não urgentes, envolvendo centenas de utentes e diversas entidades transportadoras", adiantou.
Segundo a ULS de Coimbra, o sistema introduz melhorias significativas na gestão operacional e financeira, permitindo a centralização e a automatização de processos, a agregação de utentes da mesma área geográfica, a redução do impacto financeiro global para a instituição e uma diminuição da pegada ecológica, através de um planeamento mais racional e sustentável.
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Soure (Coimbra), João Paulo, realçou “a falta de informação à população, maioritariamente envelhecida”, e salientou as dificuldades, pois a corporação “não consegue garantir os agrupamentos que a ULS pretende”, que passa por “juntar utentes de determinadas zonas, a determinada hora, para um determinado local da ULS”, além de que “a plataforma não dá informação atempada para a organização diária do transporte de doentes não urgentes”.
O presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede (Coimbra), Adérito Machado, disse que este problema é transversal às corporações que transportam doentes não urgentes para as unidades da ULS de Coimbra.
“Muitos dos doentes não sabem nada, nem sabem a hora, nem sabem quem é que os vai buscar e, se por acaso, têm transporte, e projetam essa revolta” contra as corporações, declarou Adérito Machado.
Segundo este dirigente, “há emparelhamento de doentes que não faz sentido pela distância e pelo tempo em que têm de permanecer no transporte até à ULS”.
“Neste momento, a ULS, que lidera o processo, vai atribuir doentes que eram nossos, por exemplo, à corporação de Mira”, adiantou, considerando existir “descoordenação e desorganização”.
Adérito Machado apontou ainda prejuízos para as associações humanitárias e utentes.
“Se continuar assim, estamos a avaliar se é rentável para a associação transportar doentes”, afirmou.
Questionada sobre esta situação, de que várias associações humanitárias da região Centro têm feito eco nas redes sociais, a ULS de Coimbra explicou que “está a alargar o sistema de gestão de transportes não urgentes aos hospitais dos antigos CHUC [Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra]”, sendo as últimas instituições do Serviço Nacional de Saúde na região Centro “a adotar esta solução”.
“Agradecemos todo o empenho das corporações dos bombeiros e transportadoras habilitadas para que este processo decorra com o menor impacto possível para os doentes”, acrescentou.