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Bolsas Mais Valor em Saúde distinguem projetos de Matosinhos, Alto Minho e Lisboa

LUSA
29-06-2021 16:32h

Dois projetos envolvendo a Unidade de Saúde Local de Matosinhos, outro do Hospital de Santa Marta (Lisboa) e ainda um da Unidade Local de Saúde Do Alto Minho são os vencedores das bolsas Mais Valor em Saúde.

Os vencedores, hoje anunciados, apresentaram projetos que envolvem o acompanhamento de doentes à distância, com dispositivos móveis, para avaliação de úlceras por pressão (Matosinhos); que pretendem criar unidades de diagnóstico rápido para agilizar a realização de exames (Matosinhos); que preveem a monitorização remota para prevenis a descompensação da insuficiência cardíaca (Santa Marta) e que visam uma melhor articulação hospital/cuidados de saúde primários para acompanhamento da dor crónica.

“As características dos projetos valorizadas foram fundamentalmente a sua qualidade e a importância da área de atuação que elas visavam cobrir”, disse à agência Lusa Maria de Belém Roseira, presidente do júri destas bolsas, que fazem parte da iniciativa “Mais Valor em Saúde”, com o objetivo de apoiar a concretização de projetos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde que visem introduzir as alterações necessárias a uma melhor alocação de recursos.

A responsável sublinhou a importância da iniciativa “Mais Valor em Saúde” - que junta a Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), a Exigo, a Gilead Sciences e a IASIST – apostar na integração de cuidados, “uma das falhas existentes a nível do nosso sistema de saúde”.

Maria de Belém destacou igualmente o peso social em termos de ganhos em saúde que estes projetos representam: “As candidaturas tinham de uma maneira geral grande qualidade e, sobretudo, significam que há uma enorme vontade nas instituições de saúde de fazer as coisas de forma diferente e melhor”.

“É o mais valor em Saúde: por um lado, servir melhor as pessoas, porque é esse o objetivo, designadamente no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (…) e fazê-lo no respeito pelos recursos que são de todos nós. A adequada aplicação dos recursos é também uma boa prestação de contas”, afirmou.

Destacou ainda a singularidade destes prémios/bolsas: “Estes prémios também são um bocadinho diferentes do normal, porque são prémios em espécie e não são prémios pecuniárias, o que leva a que as instituições hospitalares possam ter acesso a uma consultoria que vai ajudar a atingir o objetivo a que se propõem e vão conseguir atingi-lo da maneira mais racional possível”.

“[Da maneira mais] racional e sensível, porque não há saúde e gestão de saúde sem grande sensibilidade e empatia”, acrescentou.

O projeto que obteve a maior avaliação foi apresentado pela Unidade Local de Saúde de Matosinhos e propôs melhorias no processo de avaliação de tratamento de úlceras por pressão no domicílio com a utilização de dispositivos móveis/app acessíveis para utilização por parte dos enfermeiros.

Pressupõe a realização de formação dos profissionais envolvidos e a integração de uma equipa multidisciplinar para conseguir uma abrangência e aplicabilidade tal que se consiga replicar noutras unidades de saúde.

Esta unidade de saúde local viu ainda ser selecionado um outro projeto, que envolve a unidade de medicina de proximidade e que pretende criar uma consulta de acesso rápido a partir do serviço de urgência, da consulta externa ou dos cuidados de saúde primários, vocacionada para diagnóstico de situações tipificadas, de forma a agilizar a realização de exames, retirando estes doentes do internamento convencional.

O terceiro projeto escolhido envolve o Hospital de Santa Marta, em Lisboa, e visa a formação de uma Unidade Ambulatória de Monitorização Remota Cardíaca, pretendendo detetar de forma precoce um eventual agravamento da doença para mitigar o risco de hospitalização.

A equipa será constituída por técnicos de cardiopneumologia e enfermeiros com formação especializada nesta área, que serão responsáveis pela monitorização regular dos parâmetros transmitidos e que reportarão as alterações significativas à equipa médica, que fará o contacto com os doentes e tomará as orientações terapêuticas e de seguimento necessárias para estabilizar a situação clínica.

“Muitas destas alterações clínicas poderão ser resolvidas no domicílio ou, em alguns casos, por uma breve intervenção em regime de hospital de dia”, referem os autores na apresentação escrita do projeto.

O quarto projeto contemplado foi proposto pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho e pretende promover a descentralização dos cuidados hospitalares e ações de formação em dor crónica, permitindo a seleção correta dos doentes que precisam de intervenção a nível hospitalar, potenciando uma referenciação rápida e eficaz para a consulta no hospital.

“A criação de um modelo inovador de abordagem clínica da dor crónica, multidisciplinar, interativo e abrangente, permitirá melhorar o diagnóstico e seguimento da pessoa com dor crónica ao nível dos cuidados de saúde primários, permitirá a construção de uma rede de referenciação integrada de Dor, com consequentes ganhos em saúde para o doente e para o Serviço Nacional de Saúde”, explicam os autores.

Em declarações à Lusa, a presidente do júri salientou a importância destas bolsas, sublinhando: “Queremos que a sociedade esteja cada vez mais liberta de doença, cada vez mais saudável e com capacidade de se tratar das doenças que não consiga evitar”.

“E estes projetos têm todos essa filosofia (…) O próprio objeto do concurso era este: mais valor em saúde, mais valor para o cidadão, com o mínimo de recursos desperdiçados”, acrescentou.

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