Um consórcio liderado pela empresa Emitu e que envolve o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, está a desenvolver uma ferramenta de monitorização de pacientes para controlo da covid-19, anunciou hoje a 'startup' portuguesa.
O 'Remote Assessment and Telemonitoring of covid-19' (ReATec) é um projeto de transferência de tecnologia que assenta num projeto piloto prévio que foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
"Esta solução tecnológica que se pretende agora que atinja o mercado visa o apoio clínico ao diagnóstico precoce da covid-19, baseado em sensores para aquisição em tempo-real de sinais vitais e processamento de dados usando técnicas de Inteligência Artificial e sistemas 'wearables' (que podem ser usados no dia a dia pelo utilizador)", anunciou a Emitu em comunicado.
Neste projeto, que obteve financiamento da Agência Nacional de Inovação, ao abrigo do concurso para projetos de I&D no contexto do surto da covid-19, participam ainda várias organizações do setor público, privado e social.
O sistema permitirá fazer a análise de vários parâmetros relevantes para o diagnóstico da infeção, tais como temperatura corporal, tosse, frequência cardíaca, variabilidade da frequência cardíaca e respiração.
"O sistema ReATeC pode funcionar como um mapa em tempo-real de potenciais focos de infeção, através dos dados anonimizados agregados por localização geográfica através da monitorização à distância de indivíduos em quarentena", realçou a Emitu, especificando que "os dados podem ser acedidos a partir de uma plataforma na nuvem".
Segundo a 'startup', este sistema tem como principal vantagem a ligação dos doentes ou suspeitos de doença ao profissional de saúde creditado.
Para além disso, pode ser usado em outras patologias infecciosas e outras situações clínicas com envolvimento pulmonar e ou cardíaco.
"Esta solução permite automatizar a interação entre o utente e o Serviço Nacional de Saúde, ou clínicos do setor privado e reduzir o risco de contaminação e densificar ao longo do tempo o processo de monitorização aumentando o número de medidas sintomatológicas", assinalou Nuno Pinto Gonçalves, presidente da Emitu e um dos coordenadores do projeto.
Até ao momento, está a ser efetuado um projeto piloto, num lar em Barcelos, o que permite uma monitorização em tempo real dos seus utentes, estando previsto o alargamento da fase de testes a mais estruturas residenciais para idosos nas próximas semanas.
"O departamento de Bioengenharia do IST contribui com a sua larga experiência na área, tendo desenvolvido diversos sensores de aquisição de dados fisiológicos em múltiplos projetos de I&D", vincou a Emitu.
"O ReATeC é um exemplo paradigmático de transferência de tecnologia do setor universitário para o setor empresarial, permitindo o desenvolvimento de produtos com impacto significativo na inovação das empresas. Este projeto pode considerar-se um exemplo no setor académico, pois impulsiona a economia e ajuda a construir um país inovador", conclui o comunicado.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.682.032 mortos no mundo, resultantes de mais de 121,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.743 pessoas dos 816.055 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.