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Covid:19 - “Quando abrimos a vacinação às IPSS abrimos uma caixa de pandora, difícil de parar. “ – lamenta presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros  

CANAL S+ / VD
01-02-2021 22:05h

Perante a sucessão de casos de vacinação indevida, denunciados nos últimos dias, Ricardo Correia de Matos, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros afirma que “quando abrimos a vacinação às IPSS abrimos uma caixa de pandora, difícil de parar”.

O responsável da região centro da Ordem dos Enfermeiros garante que nas últimas semanas chegaram mais de 50 exposições a denunciar irregularidades no processo de vacinação contra a COVID-19.

Depois do Ministério da Saúde ter anunciado que a Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) vai realizar um conjunto de averiguações com base nas suspeitas denunciadas na Comunicação Social, hoje o Ministério Público fez saber que vai instaurar seis inquéritos públicos por suspeita de vacinação indevida.

Nos últimos dias, foram várias as denúncias, em locais tão dispersos como: no lar de Reguengos de Monsaraz, no INEM do Porto, no Hospital Narciso Ferreira em Famalicão ou o caso do presidente da Assembleia Municipal de Arcos de Valdevez.

Ricardo Correia de Matos argumenta que situações destas se resolvem com “uma moldura penal forte para que sirva de exemplo” e lança ainda um forte apelo aos enfermeiros para que no terreno, caso constatem irregularidades, se recusem a avançar com a administração da vacina.

Consciente das limitações da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que apenas dispõe de nove inspetores para fiscalizar o país inteiro, o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros afirma que “tenho muitas dúvidas que o Estado, com os recursos que tem à data, consiga ter uma medida tempestiva na sua correção”.

Para Ricardo Correia de Matos, é urgente voltar a credibilizar o plano de vacinação contra a COVID-19 e o “exemplo tem de vir de cima”. O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros afirma que “a mensagem que estamos a passar à população é salve-se quem tem poder e, dentro de pouco tempo, temos uma revolta social gigante”, alerta.

Nesta entrevista ao Canal S+, o responsável pela Ordem dos Enfermeiros garante ainda que “a Ordem esgotará todos os recursos disponíveis num Estado de direito para salvaguardar a defesa intransigente da população”, até porque estão 43 mil enfermeiros no combate à pandemia e às outras doenças.

Ao Canal S+, Ricardo Correia de Matos admite ainda que quem elaborou o plano de vacinação contra a COVID-19 nunca imaginou que uma situação destas, de aproveitamento indevido das vacinas, acontecesse.

Esta manhã, no Algarve, António Lacerda Sales, reafirmou que haverá “tolerância zero” no caso de se confirmarem os casos de vacinação indevida. O secretário de Estado Adjunto e da Saúde explicou que o plano de vacinação terá listas suplementares para as vacinas que possam eventualmente sobrar, por não comparência dos prioritários.

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