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Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) defende criação de “via verde” para doentes oncológicos  

CANAL S+ / VD
15-12-2020 12:00h

Ana Raimundo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO), defende a criação de uma “via verde” para doentes oncológicos, com o intuito que “ninguém fique para trás” no meio da pandemia da COVID-19.

Em entrevista ao Canal S+, a médica especialista afirma que “quer-me parecer que as autoridades e as pessoas responsáveis estão tão atarefadas com a pandemia que, no fundo, não houve grande resposta aos doentes crónicos e, em particular, aos oncológicos”.

Nos primeiros meses da pandemia da COVID-19 (Março e Abril), os diagnósticos de novos cancros caíram 60 a 80% em Portugal. A conclusão surge num inquérito feito, aos serviços de oncologia médica do país, pela Sociedade Portuguesa de Oncologia e divulgado durante o 17º Congresso Nacional da SPO.

Ao Canal S+, Ana Raimundo defende que é preciso uma “articulação formal entre os centros de saúde e os hospitais para que possam ser realizados os meios complementares de diagnóstico” dos doentes, mesmo que isso implique recorrer aos privados.

 

A presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) garante ainda que “a organização dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não está a ser feita de forma eficaz”. Ana Raimundo sugere a criação de unidades hospitalares COVID e não COVID e a possibilidade de “deslocar equipas de hospitais públicos para privados, onde possam executar os cuidados, ocupando apenas as salas e os equipamentos médicos.

Apesar de tudo, a médica oncologista admite que no caso dos doentes com “tratamentos sistémicos, esses continuaram os seus tratamentos, sem interrupções”. O mesmo sucedeu com os “recursos humanos que não sofreram alterações. Mantiveram-se estáveis”. Ana Raimundo revela ainda que “os serviços adaptaram-se rapidamente com todas as precauções (…) Foram criados percursos e inquéritos epidemiológicos”, sublinha.  

Quanto ao facto, dos doentes oncológicos não integrarem a lista de doentes prioritários no Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19, divulgado pelo Governo, a especialista alerta que “este é um plano de vacinação que pode sofrer alterações à medida que surgirem novos dados” e que, apesar de tudo, “sabemos que a idade é o principal fator de risco”.

A presidente da SPO destaca que provavelmente se devia ter olhado de outra forma para os doentes oncológicos hematológicos (com leucemias e linfomas activos), dado que normalmente são tratados com imunossupressores muito mais fortes do que no caso de outras neoplasias.

A presidente da SPO, Ana Raimundo, gostava ainda que existisse uma maior aposta nas teleconsultas para acompanhamento dos doentes oncológicos.

Em Portugal, dados do INE e da DGS relativos a 2017, revelam que perderam a vida 27 mil 434 pessoas, em resultado de doença oncológica.

 

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