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PSD preocupado com saída dos dois únicos médicos de saúde pública do Baixo Alentejo

LUSA
26-11-2020 12:04h

O PSD manifestou-se hoje muito preocupado com a saída dos dois únicos médicos de saúde pública da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), defendendo que deve ser adiada até que a situação de pandemia a permita.

Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, a distrital de Beja do PSD refere que "está muito preocupada com a possível saída dos únicos médicos de saúde pública que a ULSBA tem", após terem pedido transferência e sido colocados noutra região ao abrigo de um concurso de mobilidade.

"Não é nosso propósito impor vontades ou limitar liberdades, contudo parece-nos adequado e responsável, face à situação excecional que atravessamos, adiar, até que a situação o permita, esta transferência de profissionais", defende.

Segundo a distrital, "num período de grande apreensão, extrema necessidade e incerteza", devido à covid-19, "é imperativo garantir" o serviço de saúde pública no Baixo Alentejo, "nem que para isso tenhamos que nos socorrer dos mecanismos que o estado de emergência prevê, chamando para aqui o interesse nacional".

"A região não se pode dar ao luxo de ver esvaziados por completo os cuidados de saúde pública, quando o grande desafio do momento é mesmo a questão sanitária", alerta o PSD, apelando "ao bom senso" dos profissionais em causa e da tutela para "uma resolução que vá ao encontro do que é o bem maior, o interesse nacional".

Na terça-feira, em declarações à Lusa, a presidente da ULSBA, Conceição Margalha, disse que esta entidade, que integra o hospital de Beja e os centros de saúde de 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja, corre o risco de ficar sem médicos de saúde pública se não for possível substituir os atuais que estão de saída.

Segundo a responsável, atualmente, a Unidade de Saúde Pública da ULSBA tem três médicos, nomeadamente dois especialistas em saúde pública e uma interna em formação na especialidade.

Os dois médicos especialistas candidataram-se a um concurso de mobilidade e ficaram colocados na Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, para onde vão ser transferidos, explicou.

Se os dois especialistas não forem substituídos, a terceira médica interna não poderá continuar na ULSBA sem tutor e terá de sair para continuar a formação na especialidade noutra unidade de saúde, acrescentou.

Dado tratar-se de uma transferência ao abrigo de um concurso que "não pode ser impedido", a ULSBA, "perante a atual situação de pandemia, está a desenvolver esforços para a colocação dos dois médicos especialistas na ARS de Lisboa e Vale do Tejo não se efetivar de imediato e ser protelada" até haver uma solução, indicou.

Conceição Margalha frisou que a ULSBA "não pode contratar diretamente médicos de saúde pública" para substituir os atuais e terá de esperar pelo concurso nacional que o Ministério da Saúde irá lançar no final deste ano para contratar e colocar médicos recém-especialistas em unidades do Serviço Nacional de Saúde.

Se os clínicos saírem sem serem substituídos, a ULSBA "ficará sem médicos de saúde pública, mas não sem conseguir dar resposta à pandemia", porque "tem outros cinco médicos de família que desempenham funções de autoridade de saúde e têm colaborado no processo" de gestão da covid-19, frisou.

Estes cinco médicos trabalham nos centros de saúde e "não podem estar a tempo inteiro na Unidade de Saúde Pública" da ULSBA e, por isso, a saída dos três clínicos sem a necessária substituição poderá trazer "algumas consequências e dificuldades" à gestão da pandemia, admitiu Conceição Margalha.

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