“O Fundo de Recuperação e Resiliência tem um valor de 672,5 mil milhões de euros que teria um enorme impacto nas estruturas de saúde, hospitais e outras”, disse Josep Figueras, diretor do Observatório Europeu de Sistemas e Políticas de Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Como vamos usar esses recursos? Estou especialmente preocupado com a orientação que vai ser dada a esses recursos, porque financeiramente eles podem ser cruciais para os nossos sistemas de saúde”, acrescentou o responsável, que falava na videoconferência “Covid-19: O regresso da peste?”, organizada pelo Instituto Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Para Josep Figueras, a crise pandémica é uma oportunidade para “reforçar sistemas saúde, reforçar a política de saúde da União Europeia e reforçar e pôr em ação a União Europeia da Saúde”, “há muito anos” pedida pelos responsáveis do setor e, desde a atual pandemia, também exigida pelos cidadãos, que querem “um papel mais ativo UE na saúde e no controlo da pandemia”.

“A pandemia sublinhou claramente a necessidade de maior cooperação na UE para sistemas de saúde mais resilientes”, frisou, evocando a apresentação, na quarta-feira, de um pacote de propostas da Comissão Europeia para criar uma “verdadeira União Europeia da Saúde”.

O responsável frisou que, além do Fundo, o chamado programa “UE pela Saúde”, após o acordo com o Parlamento Europeu anunciado na terça-feira sobre o orçamento europeu para 2021-2027, ficou com uma dotação de 3,4 mil milhões de euros.

Apontando as muitas propostas que podem permitir tornar real essa União da Saúde, mas também a falta de decisões que tem impedido avanços, Josep Figueras frisou que é preciso “vontade política”.

“Temos uma grande oportunidade de fazer a diferença”, insistiu.