SAÚDE QUE SE VÊ

“No pior cenário, a ocupação de camas de Cuidados Intensivos pode chegar, esta semana, às 557 camas” – afirma Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH)

CANAL S+ / VD
12-11-2020 11:30h

A previsão foi avançada ao Canal S+ por Xavier Barreto, membro da Direção da APAH, baseada na ferramenta digital “Adaptt” que a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) dispõe, desde Março de 2020, em parceria com a tecnológica Glintt.

Segundo o administrador hospitalar do Centro Hospitalar e Universitário do São João, no Porto, o objetivo da ferramenta digital “é dar um contributo e alertar para a necessidade de encontrar respostas”. Com os números da pandemia a subirem, com especial incidência na Região Norte, Xavier Barreto lamenta que os “hospitais de retaguarda ainda não estejam implementados e que (…) os recursos humanos sejam claramente um fator limitante na nossa resposta em cuidados intensivos”.  O membro da direção da APAH lamenta que o despacho da Ministra da Saúde, datado de 1 de Outubro de 2020, tenha surgido tão tardiamente, quando o contexto pandémico já exigia medidas musculadas há muito.

Perante o agravamento exponencial do número de casos de novos infetados, a APAH decidiu recorrer à aplicação digital Adaptt para obter previsões semanais da evolução da pandemia, sobretudo, no que respeita ao número de internamentos e de camas de cuidados intensivos, que vão ser necessárias para tratar os doentes, explica o responsável.  

Amanhã, dia 13 de Novembro, a previsão da aplicação situa-se nos 4000 internamentos, um aumento de 40%, em relação à semana anterior.

Nesta entrevista ao Canal S+, Xavier Barreto lembra que os Hospitais do SNS dispõem de planos de contingência, “pensados a partir da capacidade instalada”, mas para o membro da direção da APAH “sabemos que devíamos ter preparado mais hospitais de retaguarda (…) e quem sabe ter desenvolvido uma ferramenta que nos dissesse a ocupação de camas nos vários hospitais. Neste momento, esse é um processo feito por pessoas…”, atesta.

O membro da Direção da APAH, que trabalha como administrador hospitalar no Centro Hospitalar e Universitário de São João, lembra ainda que “deve ser criado um plano de contingência para os doentes não-COVID”, caso o cenário pandémico se agrave nas próximas semanas e se chegue ao número de 10 mil novos casos diários.

Xavier Barreto receia que um maior número de casos COVID, resulte no cancelamento de toda a atividade programada, como sucedeu em Março e Abril, e que de novo, estes pacientes fiquem sem uma resposta por parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

 Para o Administrador Hospitalar do São João e membro da direção da APAH, os privados também deviam ter sido chamados “mais cedo” e sobretudo a “negociação já devia ter sido concretizada, muito antes dos números da pandemia se agravarem”. Para Xavier Barreto não faz qualquer sentido “negociar com um fornecedor quando estamos em rutura e precisamos desesperadamente de apoio”.

A aplicação Adaptt, desenvolvida pela APAH e pela tecnológica Glintt foi disponibilizada, no final de Março, ao Ministério da Saúde e adoptada, em Abril, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que a disponibilizou de forma gratuita.

O último balanço epidemiológico, divulgado pela Direção Geral da Saúde (DGS), dá conta de mais 82 mortes a lamentar, em Portugal, e de mais 4935 novos infectados pelo SARS-COV 2.

 

 

 

MAIS NOTÍCIAS