O primeiro-ministro advertiu hoje que a pandemia de covid-19 tem de ser controlada agora para evitar "dramas de rutura" no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e manifestou-se "surpreendido" com o crescimento de contágios verificado desde outubro.
Estas posições foram defendidas por António Costa em entrevista ao jornalista Miguel Sousa Tavares no Jornal das 8 da TVI, durante a qual reiterou que a ministra da Saúde, Marta Temido, tem confiança política reforçada e sustentou que, até agora, o SNS "não falhou em nada" na resposta à covid-19.
"Se conseguirmos controlar situação, como temos neste momento - onde praticamente ainda temos uma capacidade de metade das camas de cuidados intensivos alocadas a covid-19 -, se conseguirmos controlar a pandemia agora, vamos conseguir viver sem dramas de rutura", sustentou.
Na entrevista, o líder do executivo recusou que o seu Governo tenha algum preconceito ideológico e que, por isso, não recorra a mais contratualizações com os setores provado e social.
De acordo com os dados apresentados pelo primeiro-ministro em relação à capacidade de resposta do SNS, sem ser necessário proceder a qualquer descontinuidade de outra atividade médica, há 704 camas para cuidados intensivos, estando ocupadas 433. Um número que, no limite, mas com perturbação deis, outras atividades médicas, pode chegar a 944.
"Temos em execução um conjunto de obras em vários hospitais (casos de Évora, Amadora/Sintra e Gaia) para aumentar a capacidade. Quando começou a pandemia, Portugal era o país da União Europeia com o menor número de camas de cuidados intensivos por cem mil habitantes. Chegaremos a março de 2021, um ano depois da pandemia, tendo passado do último lugar, para a média da União Europeia", disse.
Interrogado sobre os motivos que levaram o Governo a anunciar apenas no sábado passado medidas mais duras de combate à pandemia, António Costa começou por observar que o crescimento verificado do número de contágios "foi exponencial nas últimas semanas".
Depois, tal como já tinha afirmado o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista à RTP - e também o próprio chefe do Governo no final do último Conselho de Ministros extraordinário -, António Costa alegou que, em Portugal, "como em todos os países da Europa, ninguém previu que esta segunda vaga surgisse tão cedo".
"Toda a gente a antecipava da passagem do outono para o inverno, ninguém pensava que chegasse tão cedo. Isso é claro. Agora, se me perguntam se eu estou surpreendido com este número tão significativo na comunidade do número de transmissões, eu estou muito surpreendido", acentuou.
Para o primeiro-ministro, nesta fase após o verão, "as pessoas no seu conjunto não reagiram tão prontamente quanto reagiram" em março e abril.
Neste contexto, António Costa foi questionado por Miguel Sousa Tavares se o Governo não assustou suficientemente as pessoas sobre a gravidade da situação.
"Se calhar. Acha isso? Não sei. Sabe que aqui é muito difícil, é se assustamos de mais ou se assustamos de menos, se as pessoas têm consciência ou não têm consciência", respondeu-lhe.