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“Do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) chegam-nos relatos de desespero e impotência. É um cenário de guerra”, afirma Secção Norte da Ordem dos Enfermeiros

CANAL S+ / VD
06-11-2020 00:15h

Nos últimos dias o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) tem estado no epicentro da pandemia da COVID-19, ao registar o dobro da afluência de doentes ao Serviço de Urgência. “Chegam-nos relatos de desespero e impotência, dado que os enfermeiros não são capazes de tratar as pessoas como deviam e ainda têm de aligeirar procedimentos, aumentando os riscos de contágio”, como contou ao Canal S+ João Paulo Carvalho, presidente da Secção Norte da Ordem dos Enfermeiros.

Para o presidente da Secção Norte da Ordem dos Enfermeiros, “o Ministério da Saúde e a Direção Geral da Saúde (DGS) nada aprenderam com a primeira vaga”, porque ainda esta semana foram admitidos erros na contagem do número de novos casos de infetados com COVID-19, o que também já tinha sucedido na primeira vaga, como recorda João Paulo Carvalho. O responsável da Secção Norte da Ordem explica ainda o que pode ter motivado a subida exponencial de novos casos na região Norte.

A escalada do número de novos casos de infetados, com COVID-19, a Norte levou a Ministra da Saúde a assinar um despacho, onde é cancelada a atividade programa não urgente, nos Hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Para João Paulo Carvalho, o “despacho foi feito para que as pessoas não digam que nada foi feito”. O presidente da Secção Norte da Ordem dos Enfermeiros lembra que “o documento não acrescenta nada à resposta instalada” e lamenta que a comunicação que tem sido feita só esteja a baralhar e a confundir os portugueses, graças a uma dualidade de critérios.

Nesta entrevista ao Canal S+, o presidente da Secção Norte da Ordem dos Enfermeiros garante ainda que a gravidade da situação epidemiológica a Norte é tal, que “podemos chegar ao ponto em que precisamos de usar todos os recursos disponíveis”. João Paulo Carvalho garante que a Ordem fez um inquérito rápido à classe e encontrou 400 enfermeiros desempregados que estão dispostos a ingressar no SNS. O mesmo acontece com muitos outros enfermeiros que estão no estrangeiro a trabalhar e que ainda assim estariam disponíveis para regressar a Portugal. “Não pode é ser com contractos de quatro meses”, garante.  

Esta quinta-feira, 40 doentes infetados com COVID-19 foram transferidos do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS) para Gaia e para o Porto.

Hoje, a Ministra da Saúde visita a ARS Norte para um conjunto de reuniões de trabalho, acompanhada pelo Secretário de Estado, Eduardo Pinheiro, que tem a responsabilidade da coordenação regional a Norte, das respostas a dar à pandemia.

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