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“O Estado de Emergência serve para fazer a requisição civil dos privados”, afirma Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP)  

CANAL S+ / VD
04-11-2020 20:43h

No dia em que o país regista 59 mortes por COVID-19, o número diário mais elevado desde o início da pandemia, segundo anunciou a Direção Geral da Saúde (DGS), Gustavo Tato Borges, vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) afirma em entrevista ao Canal S+ que o “Estado de Emergência serve para fazer a requisição civil dos privados”.

Esta tarde, o presidente da Assembleia da República anunciou que o parlamento deve votar, na sexta-feira, o Estado de Emergência. Eduardo Ferro Rodrigues que esteve reunido em conferência de líderes afirmou aos jornalistas “Momento e data estão dependentes não de nós. A Assembleia da República tem de ter uma voz preparada, clara e audível.

Para o vice-presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) “Assim não se negoceia. Faz-se a requisição civil dos privados, sem negociação”, afirma Gustavo Tato Borges, para quem “O SNS precisa de mais camas e de fazer chamadas”, recorda o médico epidemiologista que vê com bons olhos o envolvimento dos militares nas equipas de saúde pública de rastreio e triagem de possíveis novos infetados.

A região Norte do país continua a ser a mais afetada pela segunda vaga da pandemia, sobretudo os concelhos de Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira, com o Centro Hospitalar de Tâmega e Sousa (CHTS) a braços com 235 camas ocupadas com doentes COVID-19, mais 38 no Serviço de Urgência, segundo adiantou ao Canal S+ fonte hospitalar. 

Uma situação extensível a outros pontos do país, sobretudo a lares de terceira idade. Para o médico epidemiologista, Gustavo Tato Borges, uma das formas de controlar o avanço da pandemia da COVID-19 passaria por testar o mais possível de modo a isolar de seguida os casos positivos.

O vice-presidente da ANMSP cita como exemplo o caso da Eslováquia, com 5 milhões de habitantes, que optou por definir dois dias e testar toda a população. No primeiro dia, 26 mil novos casos foram encontrados. “O problema é a nossa capacidade de testagem”, afirma o epidemiologista.

Hoje, a Ministra da Saúde enviou um despacho que autoriza os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) a suspenderem durante o mês de novembro a atividade assistencial “que, pela sua natureza ou prioridade clínica, não implique risco de vida para os utentes, limitação do seu prognóstico e/ou limitação de acesso a tratamentos periódicos ou de vigilância”.

Nos primeiros meses da pandemia, toda a atividade assistencial não urgente do SNS esteve suspensa. De acordo com os dados revelados ontem pelo Tribunal de Contas na sequência da ação de controlo relativa à gestão da pandemia pelo Ministério da Saúde, entre março e maio deste ano a atividade cirúrgica programada caiu 58% (menos 93.300 cirurgias),a atividade dos serviços de urgência hospitalares baixou 44% (menos 683.389 atendimentos) e as primeiras consultas externas médicas hospitalares caíram 40% (menos 364.535 consultas).

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