Num momento em que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que muitas unidades de cuidados intensivos na Europa vão chegar ao limite da sua capacidade nas próximas semanas, João Gouveia, presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos afirma em entrevista ao Canal S+ que “camas e ventiladores não tratam doentes”, reforçando a ideia que continuam a faltar profissionais de saúde no SNS, sobretudo enfermeiros.
O médico especialista em medicina interna e intensiva do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) explica que “é vital que haja um reforço dos recursos humanos e que seja distribuído pelos diferentes hospitais na medida do possível”. Para o clínico só assim será possível dar uma resposta adequada a doentes COVID e não-COVID, até porque apesar de termos mais equipamento do que início da pandemia, muitos profissionais encontram-se agora cansados.
Para João Gouveia, apesar do SNS manter até ao momento a sua resiliência face à pandemia, provavelmente chegará o momento em que se deveria equacionar uma articulação com os privados da actividade programa, não urgente, defende o especialista.
Para o Presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, a segunda vaga pode ter piores resultados do que a primeira sentida na Primavera de 2020, porque “os profissionais de saúde estão regra geral muito cansados” e a grande maioria “não teve o descanso que estava à espera… e ainda por cima o trabalho forçou uma série de mudanças”, afirma.
A trabalhar nos cuidados intensivos do Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), João Gouveia, congratula-se com o esforço e a dedicação de muitos profissionais de saúde que desde a primeira hora da pandemia desenvolveram soluções alternativas para muitos problemas. O médico internista e intensivista relembra que “os portugueses têm uma grande capacidade para o desenrasca” e por isso “houve muita capacidade de improvisar algumas soluções e pô-las em prática”, sublinha.
Desde a meia-noite de hoje que é obrigatória a utilização de máscara na via pública como medida de proteção contra o SARS-COV-2, uma medida aprovada pelo parlamento na semana passada.