A Direção-Geral da Saúde pretende, assim, reforçar a mensagem de que as vacinas são um direito, um dever e um ato de solidariedade na defesa da saúde individual e pública.
A criação desta rede é, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), “uma iniciativa pioneira” que visa “articular e otimizar” a colaboração dos municípios na promoção da literacia para a vacinação, arrancando de “forma piloto” na Área Metropolitana de Lisboa, através da assinatura de uma Carta de Compromisso.
O objetivo é criar uma rede de parceiros da DGS, das Administrações Regionais de Saúde e dos serviços de saúde a nível local para promover a vacinação, disse à agência Lusa a coordenadora do Programa Nacional de Vacinação da DGS, Teresa Fernandes.
“No fundo, é para transmitir a mais pessoas, a mais parceiros, a mais áreas da sociedade e a novas instituições a mensagem de que a vacinação é um direito das pessoas, um dever, um ato de cidadania, uma responsabilidade e um ato de solidariedade para com aqueles que não podem mesmo ser vacinados”, explicou.
A iniciativa visa também informar cada vez mais a população da necessidade e dos benefícios da vacinação, explicando as doenças que se estão a prevenir e as que já foram prevenidas ao longo dos anos como a poliomielite, que foi erradicada com a vacinação.
Na Semana Europeia de Vacinação, promovida pela Organização Mundial da Saúde, que tem início hoje e termina no próximo dia 30, Teresa Fernandes realçou a importância de promover a vacinação numa altura em que se assiste ao aumento de casos de sarampo no mundo, segundo a OMS.
“O sarampo está de volta em muitos países onde as pessoas começam a desvalorizar a vacinação e surgem movimentos anti vacinação”, porque as pessoas esqueceram-se do impacto que doenças como a tosse convulsiva, a poliomielite, o sarampo e a rubéola tinham na vida das pessoas, na sociedade e na comunidade.
Estas doenças provocavam uma elevada mortalidade infantil e até sequelas para o resto da vida, no caso da poliomielite, mas as pessoas “esqueceram-se disso e agora dão mais importância às pouco frequentes reações adversas às vacinas, como acontece com outros medicamentos, e acabam por atrasar a vacinação, por decidir que não querem vacinar os seus filhos” e a si próprias, frisou.
Segundo Teresa Fernandes, esta situação está a começar a ter “uma grande expressão” nos Estados Unidos, que está a ter grandes surtos de sarampo, e em vários países da Europa, onde tem havido surtos de sarampo e de rubéola.
“Felizmente em Portugal não temos esse problema porque a população ainda se lembra como eram estas doenças e exige a vacinação”, adiantou, lembrando um estudo da Comissão Europeia, divulgado em outubro, em que Portugal surge como o país com maior percentagem de população a encarar as vacinas como seguras, eficazes e importantes na infância.
Por outro lado, as autoridades também têm feito “um bom trabalho” com o Programa Nacional de Vacinação, “um dos programas de saúde pública mais bem-sucedidos em Portugal”.
“O que temos feito ultimamente para evitar que as pessoas comecem a deixar de se vacinar é alertar e informar, informar, informar”, vincou.
A criação da rede pretende “reforçar esta mensagem para que isso não se perca e dizer também que os surtos que têm surgido de sarampo” em Portugal são “muito pequenos, autolimitados e controlados em um, dois meses, porque a população está imunizada” devido à elevada taxa de vacinação.
Por esta razão, Portugal nunca perdeu o estatuto conferido pela OMS em 2015 de país com eliminação do sarampo e da rubéola, salientou.
A rede é formalizada na próxima terça-feira no evento “Vacinas, um compromisso para a vida”, promovido pela DGS em parceria com a Câmara Municipal da Amadora e com o ACES da Amadora.