Com o número de novos infetados a subir de dia para dia em Portugal, Henrique Barros garante que o cenário era bastante previsível. Em entrevista ao Canal S+, o Presidente do Conselho Nacional de Saúde mostra-se convicto que “o número de óbitos irá subir” e por tudo isto “devemos perguntarmo-nos porque é que não fomos capazes de modificar o curso das coisas”, sublinha o professor de epidemiologia da Universidade do Porto.
Para o antigo Coordenador Nacional para a Infeção VIH/Sida (2005-11), o endurecimento das medidas de combate à pandemia da COVID-19, decretadas na quarta-feira pelo Primeiro-Ministro António Costa, como o uso de máscara na via pública ou a utilização obrigatória da aplicação Stay Away Covid, apelam “ao pior que trazemos de tempos antigos que é a ideia do bode expiatório e do culpado”, adianta Henrique Barros.
O professor de Epidemiologia da Universidade do Porto não tem dúvidas que as “medidas autoritárias são altamente contraproducentes” num cenário pandémico.
Henrique Barros explica que basta irmos ao século XIX português para percebermos isso no curso de outras pandemias que nos afetaram. Para o presidente do Conselho Nacional de Saúde o ideal nestas circunstâncias é mobilizar as pessoas de forma voluntária e sobretudo que “conheçamos a realidade da dinâmica da infeção a nível local”.
Para o Presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apesar de ainda não se ter uma evidência científica profunda do uso da máscara como medida de proteção contra a doença da COVID-19, o especialista admite que “também não temos provas de que ela não tenha utilidade nenhuma. Por isso devemos promovê-la”, afirma.
O último relatório da Direção Geral da Saúde (DGS) dava conta de mais 17 mortos em Portugal por causa do SARS-COV 2, mais 1949 infetados e 966 recuperados.