Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE) tencionam manter as cimeiras presenciais em Bruxelas para assuntos em que a presença física seja “imprescindível” para tomada de decisões, anunciou hoje o presidente do Conselho Europeu.
“Nós tivemos de nos adaptar à covid-19 e, […] por isso, fazemos consultas em detalhe às delegações antes de organizar uma cimeira. Quando o surto começou, durante alguns meses, tivemos várias videoconferências, mas houve alguns assuntos que considerámos que a presença física era imprescindível para tomar decisões e foi isso que aconteceu em julho”, declarou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
Em conferência de imprensa no primeiro dia de uma cimeira europeia em Bruxelas – da qual aliás a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, teve de sair mais cedo por ter estado em contacto com um caso positivo de covid-19 – Charles Michel manifestou intenção de manter estas reuniões presenciais dos líderes.
Isto numa altura em que o número de infeções do novo coronavírus, que provoca a covid-19, sobe exponencialmente na Europa e que as instituições europeias continuam a privilegiar o teletrabalho dos seus funcionários.
“Isto depende da natureza dos assuntos, mas o de hoje [o futuro comercial de Bruxelas e Londres pós-Brexit] requeria uma reunião presencial”, argumentou o presidente do Conselho Europeu, numa alusão à agenda desta reunião.
Além disso, “vários líderes [da UE] apoiam a ideia de nos irmos reunindo fisicamente no futuro, o que dependerá sempre das matérias”, apontou Charles Michel.
Referindo-se à saída abrupta de Ursula von der Leyen da cimeira, o presidente do Conselho apontou que a líder do executivo comunitário, “mesmo tendo tido um teste negativo, decidiu isolar-se”, desde logo “em cumprimento das regras nacionais” da Bélgica para contenção do surto.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informou hoje que iria abandonar mais cedo o Conselho Europeu que decorre em Bruxelas para se isolar por ter tido contacto com um caso de covid-19 na sua equipa.
Antes da sua participação na cimeira de chefes de Governo e de Estado da UE, Ursula von der Leyen esteve esta manhã reunida com o primeiro-ministro português, António Costa, que lhe entregou o primeiro esboço do Plano de Recuperação e Resiliência português.
Fonte do gabinete do primeiro-ministro indicou que, por ocasião do seu encontro com Von der Leyen, António Costa não teve contacto direto com a pessoa que acusou positivo, nem ninguém da delegação portuguesa, que nem sequer o acompanhou na reunião com a presidente da Comissão dadas as fortes medidas de prevenção aplicadas atualmente no edifício-sede do executivo comunitário.
Desse modo, Costa continua a participar nos trabalhos do Conselho Europeu, mantendo um comportamento de vigilância e cautela permanente, à imagem do sucedido no encontro de hoje com Ursula Von der Leyen, durante o qual foram respeitadas as regras de distanciamento e utilização de máscara, apontou a mesma fonte.
Os chefes de Estado e de Governo da UE reúnem-se em Bruxelas, entre hoje e sexta-feira, para uma cimeira dedicada sobretudo ao ‘Brexit’, às relações com África e à pandemia da covid-19.
A cimeira começou hoje com uma discussão sobre as relações futuras com o Reino Unido, com a participação do negociador-chefe do lado europeu, Michel Barnier, e à luz do atual impasse nas negociações quando já resta muito pouco tempo para terminar o chamado período de transição, no final do ano, data em que os britânicos abandonam em definitivo a UE.
Na sexta-feira, os trabalhos são retomados com uma discussão estratégica sobre as relações da Europa com África, tendo em vista a futura reunião com os líderes da União Africana, seguindo-se outros assuntos prementes de política externa e o debate sobre a situação da pandemia da covid-19.