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PAM garante que fome e comida não sejam usadas como armas de guerra - Pedro Matos

LUSA
09-10-2020 12:56h

O Coordenador de Emergência do Programa Alimentar Mundial, Pedro Matos, foi "surpreendido" com a atribuição à organização do Prémio Nobel da Paz, mas realçou que o programa garante que fome e comida não sejam usadas como armas de guerra.

"O prémio (Nobel da Paz) deixou-nos muito felizes e muito surpreendidos porque não estávamos à espera de ganhar, porque havia concorrentes muito fortes, nomeadamente a Greta Thunberg e a Organização Mundial da Saúde e deixou-nos muito contentes pelo reconhecimento pelo trabalho que fazemos para acabar com a fome e a segurança alimentar no mundo e para garantir que a fome e a comida não são usados como arma de guerra nos conflitos onde estamos presentes", disse à Lusa Pedro Matos.

O Prémio Nobel da Paz foi hoje atribuído ao Programa Alimentar Mundial (PAM) pelos esforços para combater a fome e para melhorar as condições para a paz em zonas de conflito, anunciou o Comité Nobel Norueguês.

O português, coordenador de Emergência do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), encontra-se neste momento em missão no Sudão e, contactado por telefone pela Lusa, alerta para a falta de sensibilidade "das populações" sobre as operações humanitárias a nível global sublinhando que a organização alimenta 100 milhões de pessoas diariamente em 80 países.

A situação de carência alimentar, frisa o responsável do PAM, agravou-se nos últimos meses por causa da pandemia de SARS CoV-2, realçando que o PAM garante que a fome e a comida não sejam usadas como armas de guerra.

"A escala é incrível e com o covid-19 o número de pessoas no mundo com insuficiência alimentar aumentou de 100 milhões para 270 milhões e os países doadores estão a virar-se para dentro e a aplicar muitos recursos nos seus próprios problemas", lamenta acrescentando que urge inverter o processo de contribuição junto dos países doadores.

"A eventual retração das contribuições é um facto que nos deixa preocupados e esperamos que este prémio dê alguma visibilidade e garanta que os cidadãos de cada país como Portugal, Espanha ou Estados Unidos fiquem mais sensibilizados e depois pressionem os seus governos para uma contribuição multilateral em prol do desenvolvimento e do bem-estar das populações que não são as nossas mas que são importantes. Esperamos que o prémio contribua para essa sensibilização", disse à Lusa Pedro Matos.

O Prémio Nobel da Paz foi anunciado em Oslo pela presidente do comité, Berit Reiss-Andersen, que justificou a distinção do PAM com "os esforços para combater a fome, o contributo para melhorar as condições para a paz em áreas afetadas por conflitos e por agir como uma força motriz nos esforços para prevenir o uso da fome como uma arma de guerra e de conflito".

A lista de candidatos da edição de 2020 do Nobel da Paz tinha 211 pessoas e 107 organizações e o laureado irá receber o prémio de dez milhões de coroas suecas (quase um milhão de euros), além de um diploma e uma medalha.

A cerimónia de entrega do prémio acontecerá em 10 de dezembro, em Oslo, na Noruega, e contará com a presença de apenas cerca de 100 convidados.

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