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“A greve não é um direito de médicos e enfermeiros” afirma Francisco George

Canal S+
23-04-2019 13:47h

Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, o antigo diretor-geral da saúde defendeu a extinção da ADSE e defendeu que os médicos e os enfermeiros não deviam ter direito à greve como as restantes classes profissionais.

“Não concordo com greves de médicos ou de enfermeiros. Não fazem sentido, não podem existir”, disse ao comentar a greve cirúrgica dos enfermeiros que paralizou os blocos operatórios em fevereiro deste ano.

“No meu entendimento, a greve não é um direito para médicos e enfermeiros. Porquê? Porque quem é prejudicado não é o patronato, é o doente””, justificando a seguir:  “Sou a favor de movimentos grevistas, quando são justos, e sobretudo quando são contra patrões. Acontece que o doente não é o patrão do grevista. E esta é que é a grande diferença. O grevista lesa o patrão, mas quando o grevista é médico ou enfermeiro não está a lesar o patrão, está a lesar o doente. Nenhum doente, a meu ver, devia ser molestado, devia ser desassossegado quando vai a uma consulta e vê que há greve. E depois são mais seis meses. Isto é inaceitável, intolerável no plano de ética que eu observo”.

Francisco George defendeu também a propósito do fim do subsistema de saúde da Função Pública que “Hoje temos um serviço que cobre o litoral, o interior, o norte, o sul, as regiões autónomas e os funcionários públicos não são os mesmos. Repare: 600 milhões de euros para pagar a serviços privados prestados pelos médicos que vêm do público e fazem umas horas no privado.” Para o actual presidente da Cruz Vermelha Portuguesa: “A ADSE devia ter sido dissolvida em 1979, quando os outros subsistemas foram. A ADSE é criada por Salazar em 1963, numa altura em que os funcionários públicos ganhavam muito pouco, mas Salazar não queria que fossem mendigos. E então arranjou ali uma forma de eles terem acesso a médicos privados. Surge assim o seguro para os funcionários públicos poderem ir a médicos privados e não terem que ir ao hospital público. Aliás, na altura nem havia Serviço Nacional de Saúde nem sequer hospitais…”, concluiu.

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