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Menina de 12 anos morre após ter alta de urgência na CUF

CANAL S+
05-01-2020 22:45h

Uma menina de 12 anos morreu, no fim de semana anterior ao Natal, no Hospital Garcia de Orta, em Almada após ter recebido alta da urgência da Clínica CUF, onde foi atendida com febre e dores fortes em sequência de “um jeito nas costas”, como revelou a mãe na rede social Facebook. O hospital do Grupo CUF/José de Mello Saúde abriu, entretanto, um inquérito interno segundo garantiu ao jornal Público.

Em comunicado, o Grupo CUF/José de Mello Saúde adianta ainda que a pediatra que atendeu a Leonor de 12 anos foi, entretanto, suspensa e retirada das escalas de serviços clínicos.

Na rede social facebook, a mãe da vítima, Alexandra Martinho, revela que a última pediatra que atendeu Leonor terá dito que a criança “não podia estar com tantas dores porque o que tinha tomado era muito forte”, que as queixas não eram mais do que “uma chamada de atenção” e que a menina devia ser consultada por um pedopsiquiatra.

Leonor foi atendida na clínica CUF Almada a 17 de dezembro de 2019, depois de no dia anterior, se ter queixado de ter dado “um jeito às costas” ao pôr a mochila ao ombro. A jovem admitiu ter sentido uma "apenas uma pontada". A mãe da menina acrescenta ainda na rede social que Leonor: “Ainda foi à aula de dança e ao almoço queixou-se que lhe estava a doer mais. Não tendo aulas à tarde, ficou a descansar”.

Como as dores e a febre persistiram, Alexandra Martinho levou-a às urgências da CUF do Monte da Caparica, onde encontraram a pediatra que a  acompanhava habitualmente. Segundo a progenitora foram feitas análises "à urina da menina para despiste de infeção urinária e, como estavam com valores normais, medicou-a para um problema muscular que deveria à partida desaparecer em três, no máximo cinco dias”.

Apesar de ter sentido umas ligeiras melhoras, no sábado, 21 de dezembro, Leonor teve de regressar à clínica, onde lhe deram pulseira laranja (segunda mais grave na escala da triagem). A mãe conta que a pediatra que a atendeu "nem a camisola lhe mandou tirar” e limitou-se a administrar, por via intravenosa, a medicação que Leonor tinha estado a tomar em casa.

Exausta, Leonor acabou por adormecer durante o tratamento, mas acordou algum tempo depois “a gritar com dores”. Segundo reporta a mãe, um enfermeiro dirigiu-se à menina dizendo-lhe que não podia gritar “porque havia outras pessoas doentes”. A pediatra chamou a mãe de Leonor à parte e explicou-llhe que era impossível estar com tantas dores, porque o que tinha tomado era muito forte. Para a médica a situação da menina era mais uma chamada de atenção, pelo que aconselhava uma consulta de pedopsiquiatria à menina. No decurso da conversa, a médica terá ainda sugerido que Alexandra marcasse uma consulta com um ortopedista ou um pediatra e receitou um emplastro para Leonor colocar nas costas.

Na noite seguinte, a 22 de dezembro, como Leonor continuava cheia de dores, "com 34,7 ºC graus e a entrar em hipotermia", descreve a mãe, decidiu vesti-la e reparou numas "manchas roxas" no corpo da filha.

Depois de ter chamado o INEM, a menina deu entrada no Hospital Garcia de Orta, onde se verificou que Leonor “ia hipotensa e com taquicardia”: “O sangue estava normal, não tinha pneumonia, mas a TAC ao tórax acusava o músculo cheio de sangue“, avançou a mãe. Quando os médicos lhe iam fazer uma TAC ao cérebro, Leonor entrou em paragem cardíaca. Foi reanimada uma vez, mas não resistiu à segunda.

A família aguarda agora o resultado da autópsia. Ao Jornal "Público", o Hospital Garcia de Orta confirma que “foi admitida uma criança de 12 anos na urgência pediátrica e posteriormente transferida para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos e que viria a falecer, poucas horas após admissão”.

Contactada pelo mesmo jornal, a CUF diz lamentar “profundamente” a morte da criança: “Por forma a concluir o inquérito entretanto iniciado, foi ainda decidido não incluir, temporariamente, a médica em questão na escala de serviços clínicos da Clínica CUF Almada, salvaguardando a competência e a experiência de mais de 27 anos que lhe é reconhecida”, responde o grupo José de Mello Saúde, que acrescenta que “deposita nos seus profissionais e nos seus processos a maior confiança”.

 

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