SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Investigadoras estudam constrangimentos de organizações e trabalhadores

LUSA
28-07-2020 16:35h

Investigadoras da Universidade do Porto, Minho, Lisboa e Algarve vão estudar os constrangimentos sentidos pelas organizações nacionais no âmbito da pandemia da covid-19, bem como dos trabalhadores, para criar um manual de recomendação para ajudar na gestão desta crise.

Em declarações à agência Lusa, Catarina Brandão, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) explicou hoje que o projeto, desenvolvido no âmbito do programa GENDER RESEARCH 4 COVID-19, da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) engloba duas vertentes que se "complementam": as instituições e os trabalhadores.

No que respeita às instituições, as cinco investigadoras pretendem, durante os próximos quatro meses, caracterizar “as alterações face à pandemia”, nomeadamente, nas relações de trabalho, práticas de gestão de recursos humanos e processos de contratações e formações.

Para isso, vão recolher dados junto de responsáveis de departamentos de recursos humanos de 136 instituições nacionais, “algumas das quais com representação internacional”.

Paralelamente, a equipa vai também, com base num inquérito ‘online’, recolher dados dos trabalhadores portugueses sobre as alterações ou constrangimentos que sentiram no âmbito da covid-19.

“Queremos perceber a relação entre as diferentes experiências de trabalho – teletrabalho, presencial e regime misto – bem como a relação entre as diferentes experiências, comportamentos e atitudes”, disse Catarina Brandão, acrescentando que, para tal, as investigadoras vão tentar perceber se existiram variações na “conciliação trabalho, vida pessoal e familiar”.

“Queremos perceber como é que as coisas estão a evoluir e a acontecer no nosso país”, sustentou, observando que outra das dimensões do projeto é compreender a “perceção de apoio que os trabalhadores têm das instituições”.

O projeto visa assim apresentar “uma base de dados da atual realidade portuguesa”, bem como as suas “formas de organização de trabalho por género”, algo que a investigadora considera que vai servir de base e ajudar na aplicação de medidas seja ao nível das instituições, seja do poder político.

À Lusa, Catarina Brandão avançou que o objetivo final da equipa é a criação de dois manuais de recomendação, um para os líderes e para a gestão de recursos humanos das instituições para que possam “de forma informada gerir os constrangimentos associados ao impacto da crise” e, outro, para os trabalhadores, num primeiro momento, do sexo feminino para que possa servir de apoio à “própria gestão pessoal”.

Estes manuais serão de “acesso livre” e vão estar disponíveis ‘online’, assegurou a investigadora, acrescentando que “faz todo o sentido divulgá-los por forma a chegar a mais públicos”.

Com um financiamento de 19.986 euros, o projeto é uma das 16 investigações apoiadas pelo programa ‘GENDER RESEARCH 4 COVID-19’ da FCT, uma iniciativa suportada em 500 mil euros e promovida em articulação com a Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 654 mil mortos e infetou mais de 16,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.722 pessoas das 50.410 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

MAIS NOTÍCIAS