A líder parlamentar do CDS lamentou quarta-feira que o primeiro-ministro não tenha reconhecido o que correu mal na saúde na última legislatura e pede que os anúncios da mensagem de Natal sejam mais do que “promessas” e “propaganda”.
“Infelizmente, não vimos da parte do senhor primeiro-ministro [António Costa] um reconhecimento da sua própria responsabilidade e do seu Governo nesse muito que correu mal [na saúde em Portugal], porque de facto nos últimos anos temos assistido a uma degradação quer dos serviços públicos de saúde, quer dos hospitais. Quer do ponto de vista da gestão, quer do ponto de vista do orçamento”, afirmou Cecília Meireles, na sede do CDS em Guimarães, no distrito de Braga.
O primeiro-ministro, António Costa, endereçou esta noite aos portugueses uma mensagem de Natal, e, no seu discurso de cerca de cinco minutos, destacou como prioritário para Portugal a saúde, sublinhando uma mensagem de “confiança e de compromisso de mais saúde”, com mais autonomia para os hospitais, alargando o número de médicos de família e um reforço de verbas no setor no Orçamento do Estado para 2020.
Em relação aos anúncios, a líder parlamentar do CDS constatou que “são bem-vindos”, mas lembra que o CDS e os portugueses esperam que se tornem realidade.
“Esperamos que eles sejam mais do que promessas e propaganda do Governo, [esperamos] que se concretizem para que finalmente os portugueses possam ter um sistema de saúde. Mas pode e deve incluir também serviços do setor social e serviços privados, e deve incluir aquilo que seja o melhor para os doentes”, acrescentou a deputada.
Cecília Meireles considera que a prioridade têm de ser os portugueses e que numa época como o Natal é importante que tanto o Governo, como os partidos, se “saibam unir para finalmente” essas “promessas” e essa “propaganda" se tornem realidade.
“Aquilo que o CDS espera é que das palavras do senhor primeiro-ministro se vejam não apenas promessas, mas depois que elas sejam tornadas realidade e que depois algumas propostas que nós temos vindo a apresentar”, designadamente quando o hospital não oferece uma consulta no tempo máximo garantido que o doente possa escolher recorrer ao serviço social, público ou privado, sejam uma “realidade”, reiterou.
Questionada na conferência de imprensa pelos jornalistas sobre o que faltou no discurso de António Costa na mensagem de Natal aos portugueses, a líder parlamentar disse que faltou “sobretudo uma palavra” aqueles que trabalham, que se esforçam, que com o dinheiro do seus impostos sustentam o Estado e que têm o direito de esperar que esse Estado “funcione bem e que lhes preste bons serviços".
“É o mínimo que podem esperar. Acho que faltou essa palavra à iniciativa privada, ao trabalho, ao esforço e ao mérito. Em todo o caso, estando na quadra natalícia, a saúde é de facto uma prioridade e acho que deve ser uma prioridade para todos os partidos”.
Sobre os problemas do passado dos últimos quatro anos de governação de António Costa, Cecília Meireles declarou que a “degradação do Serviço Nacional de Saúde tem sido visível” e justifica a acusação com os “tempos de espera”, que “são cada vez maiores”, com o facto dos doentes “desesperarem por consultas” e com a “degradação orçamental”, que se “agravou nos últimos quatro anos”.
Um exemplo de promessa no setor da saúde que Cecília Meireles exemplificou como estando “sempre a ser adiada e não cumprida” foi a obra para a Ala Pediátrica no Hospital de São João, no Porto.
O primeiro-ministro dedicou hoje a sua mensagem de Natal ao "compromisso" do Governo de reforçar orçamentalmente a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), prometendo atacar a sua "crónica suborçamentação" e eliminar faseadamente taxas moderadoras.
Ao contrário do habitual, esta mensagem de Natal de António Costa não foi gravada na residência oficial do primeiro-ministro, mas, antes, na Unidade de Saúde Familiar (USF) do Areeiro, em Lisboa, que entrou em funcionamento no passado dia 16.