O número de utentes readmitidos em tratamentos para problemas relacionados com o uso de drogas e álcool aumentou pelo segundo ano consecutivo em 2018, após o decréscimo registado entre 2013 e 2016.
Segundo os relatórios de 2018 relativos à situação do país em matéria de drogas, toxicodependências e álcool, hoje apresentado na Assembleia da República, no ano passado iniciaram tratamento ambulatório na rede pública para problemas relacionados com drogas 3.461 pessoas, dos quais 1.603 eram readmitidos.
De um total de 25.582 pessoas que estiveram em tratamento ambulatório na rede pública no ano passado, 1.858 eram novos utentes, apontam os relatórios, da responsabilidade da Coordenação Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do Álcool.
Os dados indicam que, pelo segundo ano consecutivo, houve um decréscimo de utentes em ambulatório em 2018, embora tenha aumentado o número dos que iniciaram tratamento.
“Com efeito, os novos utentes aumentaram face a 2017, ano em que se registou o valor mais baixo desde 2012, bem como os utentes readmitidos pelo segundo ano consecutivo, invertendo a tendência de descida entre 2013 e 2016”, refere um dos documentos.
Na rede pública e licenciada registaram-se no ano passado 684 internamentos por problemas relacionados com o uso de drogas em Unidades de Desabituação (583 nas públicas e 101 nas licenciadas) e 2.032 em Comunidades Terapêuticas (41 nas públicas e 1.991 nas licenciadas), correspondendo, respetivamente, a 53% e 58% do total de internamentos nestas estruturas.
Um dos documentos sublinha igualmente que, de um modo geral, os internamentos em Unidades de Desabituação e Comunidades Terapêuticas por problemas relacionados com o uso de drogas “têm vindo tendencialmente a diminuir desde 2009, em ambas as redes”.
A heroína continua a ser a droga principal mais referida por estes utentes na maioria das estruturas de tratamento, sendo de destacar, entre as exceções, os novos utentes em ambulatório e os das Comunidades Terapêuticas licenciadas, em que a cannabis e a cocaína já surgem à frente da heroína.
Os indicadores sobre o consumo de droga injetada e partilha de seringas apontam para reduções destes comportamentos no último quinquénio face ao anterior.
Em 2018, “os consumos recentes de droga injetada variaram entre 2% e 20% nos utentes das várias estruturas de tratamento e as proporções de práticas recentes de partilha de seringas variaram entre 16% e 21% nos subgrupos de injetores”.
Os relatórios hoje apresentados são da responsabilidade da Coordenação Nacional para os Problemas da Droga, das Toxicodependências e do Uso Nocivo do Álcool e fruto do trabalho do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), no âmbito da execução do Plano Ação para a Redução dos Comportamentos Aditivos e Dependências.