O parlamento dos Açores aprovou hoje três audições a propósito de uma alegada "promiscuidade" entre o setor público e privado na execução do programa "Vale Saúde", que tem o intuito de atenuar as listas de espera no setor.
Em causa está uma notícia dada pela RTP na semana passada, segundo a qual a Clínica do Bom Jesus, em Ponta Delgada, não trata de todo o processo cirúrgico do "Vale Saúde", embora receba 100% da verba atribuída pela região.
Hoje, a Comissão de Assuntos Sociais aprovou requerimentos de PS, PSD e PPM pedindo a audição da secretária regional da Saúde, Teresa Machado Luciano, da presidente do conselho médico da Ordem dos Médicos nos Açores, Isabel Cássio, e da administração da Clínica do Bom Jesus.
Um outro pedido de audição, para se ouvir a administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), de Ponta Delgada, foi rejeitado pelo PS, que manifestou, todavia, abertura para a secretária regional Teresa Machado Luciano trazer os responsáveis do hospital - por si tutelados - durante a sua própria audição.
A presidente da comissão, a deputada socialista Renata Correia Botelho, manifestou a intenção de as audições, pedidas com urgência, serem efetuadas "no final desta semana" ou "nos dias úteis da próxima semana", mas o deputado do PPM, Paulo Estêvão, residente na ilha do Corvo, criticou o que diz ser a "insensibilidade" perante a sua situação.
"Não tenho voos esta semana devido a questões meteorológicas e faço questão de estar presente nesta audição", e não marcar presença apenas por videoconferência, sinalizou, sendo acompanhado nas críticas pela deputada do PSD Mónica Seidi, que pediu "datas objetivas" para as audições, tendo o partido sugerido o começo de janeiro para tal.
O período pré-natalício e as maiores dificuldades nas ligações aéreas entre as várias ilhas foram apontadas pelo parlamentar do PPM e pela social-democrata, lembrando ambos ainda o esperado mau tempo para os próximos dias.
"Ainda hoje vou tentar saber da disponibilidade dos intervenientes e logo que tenha uma data possível os senhores serão informados", declarou a presidente da comissão parlamentar.
A entrada em funcionamento, no final da década passada, do "Vale Saúde", "visou contribuir para a redução das listas de espera cirúrgicas na Região Autónoma dos Açores, através da fixação de uma resposta célere e eficaz", indicam documentos oficiais.
O programa, referiu o executivo regional no passado, "não é um fim em si mesmo, mas um meio integrado num processo com uma abrangência maior", o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia da Região Autónoma dos Açores.