Hospital de Almada nega que as crianças em situação menos urgente estejam a ser reencaminhadas para os centros de saúde de Almada e Seixal por falta de capacidade da urgência.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul denunciou, na semana passada, que o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada e Seixal estava a pôr em causa a qualidade de assistência pediátrica, ao atender crianças triadas com pulseira verde e azul, reencaminhadas do Hospital Garcia de Orta, que está com falta de médicos da especialidade.
“Isso é uma notícia falsa”, afirmou a diretora clínica do Hospital Garcia de Orta, Paula Breia, explicando que o que existe é uma parceria com os centros de saúde do concelho, no sentido de informar os utentes que nem sempre é preciso recorrer às urgências hospitalares.
“Cerca de 70% das crianças que recorrem ao nosso hospital são as chamadas urgências de baixa prioridade, com situações comuns, como tosse, febre, vómitos ou diarreia, que antigamente os nossos pais e avós sabiam como colmatar e as pessoas não iam ao médico de família e muito menos à urgência. Hoje tem-se uma porta aberta e as pessoas recorrem indevidamente à urgência”, explicou a diretora clínica.
Com o objetivo de informar e sensibilizar a população, o hospital, localizado em Almada, em parceria com o ACES de Almada e Seixal, lançou uma campanha nas escolas dos concelhos vizinhos em que explicam que, nos casos não urgentes, se deve contactar a Saúde 24 ou o centro de saúde da sua área de residência.
“Não é que não seja uma urgência para aqueles pais ou para aquelas pessoas, mas porque há um desconhecimento sobre como fazer. O que nós estamos a fazer é uma campanha de formação e informação aos pais, às escolas, em que as crianças são o principal vínculo desta informação, para que haja uma aprendizagem sobre como evitar que as pessoas procurem excessivamente os cuidados de saúde”, referiu.
Já a presidente do conselho clínico do ACES Almada e Seixal, Anabela Ribeiro, admitiu ter recebido com surpresa a denúncia do sindicado e garantiu que a qualidade do serviço nunca foi posta em causa.
“Este nosso trabalho conjunto não porá, em circunstância alguma, a qualificação dos serviços prestados às nossas crianças”, frisou, explicando que é da competência do médico de família dar resposta às situações de doença aguda pediátrica de baixa prioridade.
Na visão do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, também não é aceitável que sejam os enfermeiros das unidades de saúde a “avaliar e orientar grande parte das situações de doença aguda”.
No entanto, Anabela Ribeiro sublinhou que os enfermeiros apenas fazem “uma primeira avaliação” e que isso “não significa de forma nenhuma tratarem as crianças”, mas sim avaliarem e orientarem para o médico que está de serviço.