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Criação da Porto Innovation Cancer Organization avança “nas próximas semanas”

LUSA
17-04-2025 15:00h

O presidente do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto) avançou hoje que a criação da Porto Innovation Cancer Organization (PICO), associação que servirá para “atrair ensaios clínicos, reduzindo a burocracia” deverá acontecer nas “próximas semanas”.

Em causa um projeto tornado público no ano passado por altura do 50.º aniversário do IPO Porto e que junta esta instituição e outras da cidade no objetivo de gerir de forma autónoma e ágil os recursos na área da investigação clínica.

“Queremos transformar o ecossistema da investigação clínica, tornando-nos mais competitivos no contexto global, com a criação, nas próximas semanas, da associação PICO, uma plataforma ágil para atrair ensaios clínicos, reduzindo a burocracia e acelerando o acesso a inovação terapêutica por parte dos doentes com cancro”, disse hoje Júlio Oliveira na cerimónia do 51.º aniversário do IPO Porto.

A 16 de abril do ano passado, numa entrevista à Lusa, o responsável avançou que a PICO juntaria o IPO do Porto, a Câmara Municipal do Porto, a Universidade do Porto e quatro instituições privadas: Fundação Manuel António da Mota, a Fundação Ilídio Pinho, a Fundação Rui Osório de Castro e o Banco Carregosa.

Hoje, o presidente do IPO Porto disse, ainda, que o objetivo é o de otimizar os rastreios existentes e implementar projetos-piloto novos de forma a que “nenhum doente fique deixado para trás”.

“Queremos converter o desafio que foi a criação das ULS [Unidades Locais de Saúde] numa oportunidade para melhor articularmos os cuidados e definirmos, em conjunto, a jornada dos doentes oncológicos focada no tipo de tumor e não na especialidade. Queremos otimizar os rastreios existentes e implementar projetos-piloto novos”, referiu Júlio Oliveira.

A título de exemplo deste objetivo, o responsável disse querer apostar no “incremento de eficiência no rastreio de colo do útero, em que o IPO Porto assume a leitura de cerca de 140 mil amostras colhidas nos cuidados de saúde primários”, bem como na “implementação de um programa piloto de rastreio de cancro gástrico”.

“Não queremos que nenhum doente fique deixado para trás”, afirmou.

Júlio Oliveira fez um ponto de situação sobre os vários projetos em curso num IPO que disse ser “o maior centro de radioterapia da Península Ibérica com mais de 70 mil sessões por ano”, o mesmo que trata 10 mil novos casos anualmente e tem mais de 56 mil doentes em seguimento, considerando que este é “o maior centro nacional para tratamento cirúrgico do cancro com mais de 11 mil cirurgias em 2024” e aquele que tem, atualmente, 170 ensaios clínicos ativos e faz 150 transplantes de medula óssea por ano.

“Mas o que verdadeiramente nos define é a arte de cuidar”, disse lembrando o Gabinete de Qualidade de Vida, a parceria com a Fundação “la Caixa” para humanizar os cuidados paliativos ou a criação do Conselho Consultivo dos Utentes, ideia lançada no aniversário do ano passado e cuja equipa tomou hoje posse.

Insistindo na ideia de que nenhum doente se pode perder no sistema e deve ter acesso “ao melhor padrão de cuidados, independentemente do seu ponto de acesso ser numa cidade ou no meio rural mais longínquo”, Júlio Oliveira admitiu que “não se pode tratar tudo em todo o lado”, sendo “essencial equilibrar os cuidados em proximidade com o acesso ao ‘expertise’ e tecnologias mais diferenciadas”.

“Estamos por isso a fortalecer as parcerias com as ULS e cuidados de saúde primários e iremos reforçar as iniciativas de formação e capacitação de profissionais de saúde através da EPOP [Escola Portuguesa de Oncologia o Porto]”, referiu.

A cerimónia ficou ainda marcada pelo lançamento do livro “50 anos IPO Porto”, o anúncio e atribuição das Bolsas de Investigação Dr. José Guimarães dos Santos, bem como por uma homenagem aos profissionais aposentados em 2024.

 

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