A ONU exortou hoje o mundo empresarial a ajudar na reconstrução de um mundo melhor após a pandemia do novo coronavírus, com ações urgentes em áreas como as alterações climáticas e a luta contra as desigualdades.
Segundo a organização internacional liderada por António Guterres, a atual pandemia da doença covid-19 tornou bem visíveis as fragilidades do mundo atual e ampliou também os seus problemas, mas também oferece uma oportunidade para responder a todas as debilidades identificadas.
“Agora mais do que nunca, ao tomar grandes decisões sobre o nosso futuro, as empresas têm de abordar os riscos ambientais, sociais e de governança de uma maneira abrangente e ir além da normalidade”, defendeu António Guterres, numa intervenção na abertura de uma reunião virtual dedicada ao Pacto Global das Nações Unidas, que decorre hoje e terça-feira.
Este encontro é promovido há duas décadas e tem contado com a participação de milhares de empresas que se comprometem em incluir nas respetivas estratégias e operações um conjunto de princípios em matéria de direitos humanos, ambiente ou da luta contra a corrupção.
Segundo o secretário-geral da ONU, e perante uma crise ambiental e um tecido social fragmentado em muitos lugares do mundo, as empresas precisam de mostrar mais ambição, unidade e vontade de cooperar.
"Se não conseguirmos fazer com que a globalização funcione para todos, não funcionará para ninguém", alertou o ex-primeiro-ministro português.
O atual presidente da Assembleia-geral da ONU, o diplomata nigeriano Tijjani Muhammad-Bande, também pediu às empresas para que assegurem que o processo de recuperação pós-pandemia construa um mundo “mais sustentável", acelerando a transição para uma economia verde e "um futuro inclusivo" para todos.
A cimeira do Pacto Global das Nações Unidas, que está a decorrer em formato ‘online’ por causa da pandemia do novo coronavírus, vai decorrer na Internet durante mais de 24 horas e vai percorrer, virtualmente, várias cidades nas diversas regiões do mundo.
A par dos principais representantes da ONU e de outras organizações internacionais, está prevista a participação de vários líderes políticos, empresários, académicos, representantes da sociedade civil, entre outras áreas.
Entre hoje e terça-feira, são esperadas as intervenções de líderes como a chanceler alemã, Angela Merkel, o chefe de Estado da Colômbia, Iván Duque, ou o Presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, além de ministros de vários países.
A Presidente da Etiópia, Sahle-Work Zewde, foi a primeira líder a intervir na reunião, defendendo que “das cinzas da pandemia deve sair um mundo melhor”.
Para a líder etíope, os princípios que devem guiar tal transformação já existem e estão refletidos, segundo realçou, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, uma agenda com 17 metas (como a erradicação da pobreza ou a proteção do ambiente) que foi aprovada pelas Nações Unidas e pretende estar em vigor até 2030.
Desde que o novo coronavírus foi detetado na China, em dezembro do ano passado, a pandemia da doença covid-19 já provocou mais de 433 mil mortos e infetou mais de 7,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência France Presse (AFP).