O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, alertou hoje para a necessidade de tratamento do surto "a montante" e não apenas das suas consequências, nomeadamente na área laboral, que precisa de "respostas de fundo" para profissionais em risco.
"O vírus não escolhe vítimas, independentemente da condição social, o grande problema é que quem está mais vulnerável, quem está mais fragilizado no seu vínculo, nas condições de habitação, na vida familiar, se não há resposta também tendo em conta essas desigualdades, essas carências que atualmente existem no nosso país, nós temos um problema, um problema éerio", alertou o líder comunista hoje no final da reunião com epidemiologistas no Infarmed, em Lisboa.
Jerónimo de Sousa considerou necessário ir "a montante", tratando das causas de determinados surtos e não apenas das consequências, nomeadamente na área laboral, que para o PCP exige "respostas de fundo" e a "proteção sanitária" dos trabalhadores.
"[É importante] não nos limitarmos a olhar para a consequências, mas procurar respostas de fundo: vínculo laboral, condições de habitação, de combate à pobreza, ao desemprego, à queda de rendimentos, garantindo assim que estamos a tratar já sim das causas e não apenas dos meros efeitos que o vírus naturalmente continuará a cavalgar", frisou.
Para Jerónimo de Sousa, a situação atual "obriga a uma reflexão por parte do governo", alertando para as "carências" do setor da saúde pública, "que ao longo de muitos anos se foi degradando" e para os profissionais "exaustos" no setor, depois de quase três meses de combate à pandemia.
"Da parte do PCP fica esta ideia: tratemos as consequências sim mas não esqueçamos que as causas continuarão a determinar a evolução da situação epidémica no nosso país", concluiu o líder comunista.
Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à covid-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.
O país entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 355 mil mortos e infetou mais de 5,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.