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Covid-19: ONU lamenta expulsão de peritos da OMS do Burundi

LUSA
14-05-2020 14:14h

As Nações Unidas lamentaram hoje “profundamente” a expulsão pelo Burundi de quatro peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) encarregados de aconselhar o Governo sobre o surto da covid-19, alguns dias antes das eleições presidenciais de 20 de maio.

A Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre o Burundi “lamenta profundamente a recente decisão do Governo do Burundi de declarar ‘persona non grata’ o representante da OMS no país e três dos seus peritos”, lê-se numa declaração.

A Comissão, encarregada desde 2016 de investigar as violações dos direitos humanos cometidas no país da África Oriental, reiterou também a sua “preocupação” com a “decisão das autoridades burundesas de não aplicar as recomendações de distanciamento social”, numa altura em que os comícios eleitorais atraem milhares de pessoas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Burundi, em carta dirigida ao gabinete africano da OMS e consultada hoje pela agência AFP, anunciou a expulsão de Walter Kazadi Mulombo, representante da organização no Burundi, e de três outros peritos.

Os outros peritos são dois funcionários da OMS, Jean-Pierre Mulunda Nkata e Ruhana Mirindi Bisimwa, e o consultor Daniel Tarzy. Todos eles têm de abandonar o território até sexta-feira.

Até agora, o Burundi registou oficialmente apenas 27 casos positivos de covid-19, incluindo uma morte. Mas as autoridades são acusadas pelos médicos e pela oposição de esconderem casos, atribuindo-os a outras doenças, como a pneumonia.

A Comissão das Nações Unidas disse ainda que ficou “alarmada com os numerosos atos de violência e violações dos direitos humanos” durante a campanha eleitoral parlamentar e presidencial prevista para 20 de maio.

Lamentou “confrontos violentos entre membros dos partidos políticos em disputa e numerosas detenções de opositores políticos, enquanto os familiares do partido no poder continuam a gozar de impunidade quase total pelos seus atos”.

Os investigadores afirmaram recear que “a realização do escrutínio ou o anúncio dos resultados oficiais das eleições previstas para 04 de junho possam desencadear um novo e ainda mais grave ciclo de violência política”.

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