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10% dos jovens entre os 13 e os 18 anos consumiu álcool, tabaco e drogas em 2019

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13-05-2020 14:17h

O Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e Outros Comportamentos Aditivos (ECADT-CAD), de 2019, realizado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), revela que 67,7% dos jovens entre os 13 e os 18 anos já consumiu álcool, 38,4% fumou tabaco e 15% utilizou drogas, ao longo da vida. 10% dos jovens inquiridos admitiu ter bebido álcool, tabaco e drogas nos 12 meses que antecederam o questionário.

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Fonte: ECADT-CAD 2019

Elsa Lavado, coordenadora do estudo, diz que o álcool é a principal substância consumida e de mais fácil acesso, sendo que “37% tinham assinalado ter tomado uma bebida alcoólica antes dos 14 anos de idade”. As bebidas mais consumidas são as destiladas (28,2%), ainda que 63% dos alunos achem fácil ou muito fácil o acesso a cerveja, seguido de alcopops (bebidas alcoólicas aromatizadas) com 60,2%.

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Segundo o estudo, o tabaco é a segunda substância psicoativa mais consumida: 38,4% dos inquiridos fumaram tabaco alguma vez na vida, enquanto 29,4% fizeram-no no último ano e 17,6% no último mês.

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Também aqui, a facilidade de acesso pode estar na origem do consumo, visto que 49% considera ser fácil ou muito fácil ter acesso ao tabaco, na forma de cigarros ditos tradicionais. Comparando com os dados de 2015, o consumo de cigarros de combustão desceu, mas verificou-se um ligeiro aumento no consumo de cigarros eletrónicos.

Tendo em conta que a venda de bebidas alcoólicas e tabaco está proibida por lei a menores de 18 anos João Goulão, Director do SICAD, diz que “há aqui desafios que são colocados às entidades que têm a responsabilidade de fiscalizar essa venda. Inquestionavelmente essa fiscalização tem que ser mais efetiva”. Manuel Cardoso, subdiretor-geral, reforça esta ideia dizendo que “Portugal nos últimos dois, três anos deixou de atualizar os valores do IABA, imposto sobre bebidas alcoólicas, atualizou outros impostos, mas neste caso não atualizou nos dois últimos orçamentos, o que significa que o preço das bebidas alcoólicas é hoje mais baixo do que era há dois ou três anos”. O aumento podia funcionar como desincentivo, principalmente para os jovens.

Quanto à utilização de drogas, o estudo revela que a cannabis é a substância ilícita mais consumida (13,4%) seguida do ecstasy (2,2%). João Goulão admitiu alguma surpresa em relação aos valores, pois imaginava números superiores depois de aprovada a lei de utilização de cannabis para fins medicinais, em 2019.

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O questionário abordava também o consumo de medicamentos, revelando que 16,7% dos inquiridos consumiram alguma vez na vida por indicação médica tranquilizantes e 11,8% consumiram estimulantes cognitivos (nootrópicos conhecidos como “smart drugs”).  

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O acesso à internet está cada vez mais facilitado e as redes sociais fazem parte da vida das novas gerações. 95,6% dos jovens inquiridos assumem aceder às redes sociais, sendo que 32,1% estiveram ligados quatro horas ou mais num dia de escola.

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Os jogos eletrónicos também fazem parte do dia-a-dia de 71,6% dos inquiridos. Quando questionados sobre a frequência com que jogam, 32,5% revelam tê-lo feito durante 4 ou mais dias ao longo de uma semana. Quanto a jogos a dinheiro, 12,9% dos alunos admitem tê-lo feito, um valor superior aos 8,5% de 2015.

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Em tempo de pandemia, o SICAD acredita que o confinamento possa levar a um aumento destes números e por isso “está neste momento a fazer três questionários online exatamente sobre esta questão do confinamento e esta situação da pandemia de Covid-19” como nos diz Vasco Calado, co-autor do estudo. Manuel Cardoso acrescenta também que “nesta fase de contenção tentámos que a publicidade a jogo online fosse pelo menos retida ou banida durante o período em que temos também para o álcool, nomeadamente na televisão, entre as 7 da manhã e as 10h30 da noite”.

O PAN demonstrou estas mesmas preocupações, tendo apresentado um projeto de lei, aprovado no Parlamento em Abril, que estabelece “limitações parciais ou totais de acesso a plataformas de jogo de azar "online", até ao término do período relativo ao estado de emergência, com vista à proteção dos consumidores, mormente, as franjas mais vulneráveis da sociedade, como é o caso dos menores, jovens adultos ou pessoas com adição ao jogo". O diploma divulgava ainda um crescimento de 18% das receitas no jogo "online" e de 24% se apenas se considerarem os jogos de casino, durante o estado de emergência, em comparação com o mesmo período em 2019.

O estudo do SICAD, que se realiza de quatro em quatro anos, desde 2003, questionou 26319 alunos, entre os 13 e os 18 anos, de 734 escolas de Portugal continental e ilhas. Elsa Lavado acrescentou que a equipa vai ainda aprofundar o estudo, realizando um relatório sobre a relevância dos números por região do país.

Poderá assistir à reunião de apresentação do estudo em:

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