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Covid-19: ONU exorta líderes religiosos a combaterem “mensagens nocivas” em tempos de pandemia

LUSA
12-05-2020 19:49h

O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou hoje os líderes religiosos a combaterem as “mensagens imprecisas e nocivas” que, em tempos de pandemia, têm alimentado um crescente nacionalismo étnico, um discurso de ódio e conflitos.

Guterres alertou que, no atual panorama da pandemia da doença covid-19, “os extremistas e os grupos radicais estão a tentar explorar a erosão da confiança nas lideranças e a alimentar-se da vulnerabilidade das pessoas para servir os seus próprios propósitos”.

Para o secretário-geral da ONU, o papel que os líderes religiosos podem desempenhar na resolução dos problemas da pandemia e no processo de recuperação da atual crise pode ser “uma peça central”.

António Guterres mencionou igualmente o “aumento alarmante da violência contra mulheres e crianças do sexo feminino” à medida que a pandemia se propaga a nível mundial, apelando aos líderes religiosos para que “condenem de forma categórica tais atos e apoiem os princípios comuns da parceria, igualdade, respeito e compaixão”.

O representante também pediu aos líderes religiosos para que se juntem à luta contra a desinformação sobre a doença covid-19.

Estas declarações proferidas hoje por Guterres vêm reforçar outro alerta feito pelo ex-primeiro-ministro português na semana passada.

Na passada sexta-feira, Guterres já tinha afirmado que na atual pandemia da covid-19 continuava a ser desencadeado "um tsunami de ódio e xenofobia".

"O sentimento contra estrangeiros aumentou 'online' e nas ruas, as teorias de conspiração antissemitas espalharam-se, e ocorreram ataques contra muçulmanos relacionados com a covid-19”, afirmou então o secretário-geral da ONU.

Guterres sublinhou, na mesma ocasião, que migrantes e refugiados estavam a ser “difamados como fonte do vírus” e a ver negado o acesso a tratamentos médicos.

"Com os idosos entre os mais vulneráveis, surgiram 'memes' [imagens virais] desprezíveis, sugerindo que eles também são os mais descartáveis", alertou, acrescentando que “jornalistas, denunciantes, profissionais de saúde, trabalhadores humanitários e defensores dos direitos humanos” estavam a ser igualmente atacados simplesmente por fazerem o seu trabalho.

Na sexta-feira, Guterres apelou a "um esforço total para acabar globalmente com o discurso de ódio".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias France Presse (AFP), a pandemia da doença covid-19 já provocou mais de 286 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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