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Enfermeiros do Hospital de Aveiro exigem mudanças no atendimento de crianças

LUSA
12-05-2020 19:36h

Os enfermeiros do serviço de Urgências Geral do Hospital de Aveiro exigem a reformulação de uma instrução de trabalho que entrou em vigor este mês e que dizem colocar em causa o tratamento aos doentes críticos da pediatria.

Em causa, está uma instrução de trabalho que determina que os doentes críticos da pediatria que não sejam possíveis de estabilizar na urgência pediátrica “não covid”, que encerra das 20:00 às 08:00, sejam encaminhados para a sala de emergência “não covid” da urgência de adultos.

Durante uma conferência de imprensa realizada hoje à tarde, em frente ao Hospital de Aveiro, Graça Tavares, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, disse que vão entregar na quarta-feira à administração do Centro Hospitalar do Baixo-Vouga (CHBV) um abaixo-assinado subscrito por cerca de 60 enfermeiros a exigir a reformulação dessa instrução de trabalho.

A enfermeira que trabalha nas urgências do Hospital de Aveiro alerta que “a segurança e a qualidade dos cuidados ao doente crítico pediátrico está em causa”, considerando que a equipa de enfermagem da urgência de adultos “não está minimamente preparada” e a sala “não tem condições, nem o material adequado”.

“Não consideramos que temos competências, apesar de sermos uma equipa que tem muitas especialidades, mas tudo na área do adulto e, portanto, preocupa-nos a segurança da criança”, disse Graça Tavares.

A dirigente sindical realça, por outro lado, que uma criança que tenha de ser estabilizada naquele espaço poderá passar por uma experiência traumatizante.

“A sala de emergência já é por si só stressante e é um momento de grande agitação e de muitos profissionais ao mesmo tempo (…) Entram doentes em paragem cardiorrespiratória, doentes politraumatizados com hemorragias graves e iríamos estar a sujeitar as crianças a isso”, disse.

Refere ainda que a instrução de trabalho em causa "foi emitida apenas com o conhecimento da direção de serviço", adiantando que o enfermeiro chefe "deu o seu aval negativo".

Numa nota enviada à agência Lusa, a administração do CHBV mostra-se surpreendida com esta tomada de posição por parte dos enfermeiros, afirmando não ter recebido qualquer interpelação por parte dos enfermeiros do Serviço de Urgência relativa a qualquer instrução de trabalho comunicada no decorrer da última semana.

“Este é claramente um assunto interno e que deve ser tratado, em primeira instância, internamente. O Conselho de Administração lamenta que tal não tenha acontecido”, refere a mesma nota.

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