SAÚDE QUE SE VÊ

Associação de optometria denuncia pressões provenientes da oftalmologia

LUSA
05-12-2019 09:48h

A Associação de Profissionais Licenciados em Optometria (APLO) criticou quarta-feira as “pressões” provenientes da especialidade de oftalmologia para afastar os seus associados dos cuidados de saúde, na sequência de declarações feitas do presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO).

A posição foi divulgada num comunicado no qual a APLO considera que as “pressões estão a ser conduzidas pela Associação CO.ES.O”, que vai ser apresentada pela SPO, com o objetivo de criar uma rede nacional de consultórios de oftalmologia para ajudar a distinguir oftalmologistas de optometristas, oferecer cuidados primários e contribuir para reduzir listas de espera nos hospitais.

A apresentação vai ser feita no 62.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), que se realiza entre quinta-feira e sábado em Vilamoura (Loulé) e, em declarações à agência Lusa, o presidente da SPO, Fernando Falcão Reis, afirmou que a rede visa também contrariar a “crescente implantação no país dos chamados técnicos de optometria, que se apresentam frequentemente como especialistas da visão, numa usurpação de um termo que até agora era exclusivamente utilizado por médicos”.

Numa reação enviada à agência Lusa e em resposta às declarações do presidente da SPO, a APLO manifestou-se “indignada” com as declarações de Falcão Reis a qualificar os optometristas como “uma ameaça à saúde ocular dos portugueses”, porque “não têm formação na área médica”.

“A APLO, que representa mais de 1.200 optometristas, está indignada com as pressões que estão a ser conduzidas pela Associação C.O.E.S.O que será formalmente apresentada amanhã [quinta-feira] no Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, para o afastamento dos Optometristas dos cuidados de saúde, em Portugal”, pode ler-se no comunicado.

A mesma fonte argumentou que “a Direção-Geral do Ensino Superior classifica os planos de estudos universitários de Optometria exatamente na área da saúde e que os mesmos estão acreditados pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior”, sendo a formação “feita na mesma Faculdade de Ciências de Saúde da Universidade da Beira Interior, e com a cooperação da Escola de Medicina da Universidade do Minho onde são formados médicos deste país”.

“A APLO é constituída exclusivamente por licenciados de Optometria, sendo que mais de 80% possuem doutoramento, mestrado (5 anos) ou licenciatura (4 anos e meio), com estágio profissional incluído, como mínimo, à semelhança de esmagadora maioria dos países europeus e mais avançados no mundo”, afirmou Raúl de Sousa, presidente da APLO, citado no comunicado da associação.

O presidente da associação de optometristas disse ainda que os profissionais que representa “são especialista da visão e esta designação nunca foi um termo usado exclusivamente por médicos” ou oftalmologistas.

“É falso e calunioso dizer que somos uma ameaça à saúde ocular dos portugueses, quando, na verdade, a existência dos Optometristas é defendida pela Organização Mundial de Saúde e pela Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira como uma solução para resolver o problema crónico na lista de espera de Oftalmologia e para melhorar o acesso de todos os portugueses aos cuidados necessários para a saúde da visão”, refutou ainda a mesma fonte.

MAIS NOTÍCIAS