Os investigadores da Universidade de Redeemer, na Nigéria, iniciaram uma parceria com a União Africana, universidades norte-americanas e outros órgãos de investigação para a criação de um projeto de deteção e resposta a ameaças virais.
O projeto Sentinel, desenvolvido numa parceria entre o Centro de Excelência para a Genómica de Doenças Infeciosas (ACEGID) da Universidade de Redeemer, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), com o Instituto Broad do Instituto Tecnológico de Massachusetts e da Universidade de Harvard, pretende combinar dados genómicos com as tecnologias de informação para a deteção e resposta a ameaças virais em tempo real.
De acordo com o África CDC, este projeto “foi concebido muito antes da covid-19, mas a sua relevância tornou-se muito mais significativa face à pandemia de rápida progressão”.
“Temos visto comunidades de investigadores e trabalhadores sanitários a juntarem-se de formas extraordinárias para combater a covid-19. O Sentinel é, e continuará a ser, um exemplo visível disso”, afirmou o diretor do ACEGID, Christian Happi, citado numa nota do África CDC.
Para a investigadora Pardis Sabeti, do Broad Institute e professora do departamento de Imunologia e Doenças Infecciosas da Escola de Saúde Pública de Harvard, a pandemia de covid-19 mostra que a população mundial não está preparada para uma crise desta magnitude.
“Mas embora seja evidente que estamos todos muito atrasados, esta pandemia irá, assim o esperamos, incitar os líderes governamentais a adotar novos instrumentos e tecnologias para combater a covid-19 e para que se preparem para futuros surtos”, refere a Sabeti.
Segundo o África CDC, o projeto Sentinel desdobra-se em três pilares: “detetar, conectar e fortalecer”.
Os investigadores pretendem conjugar “genómica ultrassensível” com tecnologias para a deteção de patogénicos. Posteriormente, os dados recolhidos serão partilhados através de aplicações para telemóvel e de sistemas baseados em nuvem entre trabalhadores do setor da saúde pública, que poderão então analisá-los em tempo real.
Por fim, o projeto pretende fortalecer a saúde pública através do treino de milhares de profissionais de saúde para a utilização das ferramentas de observação.
“O potencial do Sentinel em transformar a observação das doenças infecciosas em África é infinito, e a sua missão é complementar a do África CDC: fortalecer a vigilância e a resposta de emergência, e melhorar a gestão de ameaças à saúde pública”, referiu o diretor do órgão continental, John Nkengasong.
Pardis Sabeti defende que com este projeto “qualquer um pode ser uma sentinela ao interagir com os sistemas de saúde para evidenciar” o que torna as populações e assim alertar as comunidades.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 283 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Quase 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
O número de mortos da covid-19 em África subiu hoje para os 2.290, com mais de 63 mil infetados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.