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Covid-19: Presidente do parlamento da Madeira diz que IPSS devem ser "braço armado" do executivo

LUSA
11-05-2020 17:11h

O presidente da Assembleia da Madeira defendeu hoje que as instituições de solidariedade devem ser o “braço armado" do Governo Regional, na “resposta urgente” necessária para colmatar o “estado de emergência social” que afeta a região.

“Facilmente, não só vamos chegar a uma taxa de desemprego altíssima, com mais de 30 mil madeirenses no desemprego, como muitas famílias vão entrar em insolvência”, declarou José Manuel Rodrigues (CDS-PP), que visitou hoje a CASA – Centro de Apoio ao Sem Abrigo, no Funchal.

O responsável do principal órgão de governo próprio da Madeira sustentou que, face a esta situação, “estas instituições de solidariedade social podem e devem atuar como 'braço armado’ do Governo Regional no combate à pobreza e à exclusão social”.

José Manuel Rodrigues argumentou que o executivo madeirense, de coligação PSD/CDS-PP, “tem alguns meios financeiros para atender à situação”, mencionando o Fundo de Emergência Social no valor de cinco milhões de euros, “que facilmente será esgotado”.

“Acho que só se pode ultrapassar esta dificuldade enorme que estamos a atravessar com apoio de verbas da União Europeia e do Estado Português”, enfatizou.

José Manuel Rodrigues recordou que o parlamento madeirense “cortou nas despesas de funcionamento para apoiar as instituições que prestam assistência alimentar”, o que se traduziu num donativo de 10 mil euros.

Esta verba foi destinada a “três instituições que não ficaram abrangidas pelo Fundo de Emergência Social do Governo Regional: o Banco Alimentar Contra a Fome, o Centro de Apoio ao Sem Abrigo (CASA) e também a Cruz Vermelha", referiu.

Mas, no seu entender, “tem de haver uma grande entreajuda entre as instituições, entre as pessoas e entre as famílias, para que ninguém fique para trás nesta emergência social que se vive na Madeira”.

O centro CASA recebeu 2.500 euros do parlamento madeirense, verba “que está a servir para a compra de embalagens para as refeições que são entregues uma vez por mês a cerca de 600 famílias, perto de 1.300 pessoas, “particularmente idosos do concelho do Funchal, de Santa Cruz, Caniço, Camacha e da Ponta do Sol”, informou.

Esta ajuda “chega com o apoio de entidades particulares, entre elas unidades hoteleiras que também contribuem nesta missão solidária".

“Em janeiro o número que nós tínhamos era de 72 pessoas, que estavam em situação de sem abrigo. Nesta fase, este número quase que duplicou”, afirmou a presidente do CASA, Sílvia Ferreira.

A responsável indicou que “há uma grande preocupação da instituição, que é conseguir quarto para estas pessoas”.

“Nós arranjamos quartos, mas são valores muito superiores. Andamos à procura de quartos à volta de 200, 250 euros, para realojar as pessoas e reinserir mais tarde no mercado de trabalho”, disse.

A cantina social do Centro de Apoio ao Sem Abrigo serve presentemente mais de uma centena de pequenos almoços, sendo que “muitas destas pessoas têm casa, mas se perderem a casa onde estão e algum rendimento que têm vão tornar-se pessoas em situação de sem abrigo”, alertou Sílvia Ferreira.

O arquipélago da Madeira regista 90 casos de covid-19, já com 53 doentes curados, segundo dados divulgados no domingo pelo Instituto de Administração da Saúde (IASAÚDE).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 282 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.144 pessoas das 27.679 confirmadas como infetadas, e há 2.549 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

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