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Covid:19- “Aquilo que senti nas últimas semanas foi uma total impotência” - Cardiologista João Morais

CANAL S+ / VD
10-05-2020 11:51h

O professor João Morais é médico cardiologista, em Leiria, cidade onde fez toda a sua carreira e garante que nunca viu nada assim. O clínico que está na “linha de frente” do combate à pandemia da COVID-19 explica, em entrevista ao Canal S+, que de um momento para o outro, os doentes cardiovasculares desapareceram dos hospitais centrais.

Na origem deste fenómeno, da falta de doentes cardiovasculares, está seguramente o medo de muitos doentes em ir a um hospital e ser eventualmente infetado. O ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia espera que durante este mês, que é simultaneamente o mês da campanha “Maio, mês do coração”, o desconfinamento progressivo, conduza de novo os doentes às consultas e, em caso de necessidade, recorram aos hospitais. O médico de Leiria relembra que as consequências de um Enfarte do Miocárdio ou de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sem recurso a cuidados de saúde podem ser devastadoras. Nenhuma destas patologias deve ser “tratada em casa”, alerta o professor João Morais.

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a comunidade científica internacional têm estado a acompanhar de perto o impacto da doença COVID-19 nos doentes cardiovasculares, dado que existe a suspeita que o vírus SARS-COV 2 possa motivar um quadro clínico de miocardite. Um cenário que ainda não está confirmado, mas que leva todos os cardiologistas a testar os seus pacientes para o novo coronavírus, explica o professor João Morais. 

Apesar de ainda não existir evidência científica de que o vírus SARS-COV 2 provoque miocardite, porque é um vírus muito recente, o cardiologista João Morais garante que a preocupação da classe é bastante grande, o que tem levado os médicos a estarem todos particularmente atentos a todos os quadros e alterações clínicas dos pacientes, ainda mais do que o habitual.

Apesar do impacto avassalador da pandemia da COVID-19, a principal causa de morte em Portugal continua a ser sem dúvida alguma: as doenças cardiovasculares. Para o professor João Morais, é urgente que os doentes retomem os contactos com os seus médicos e não hesitem ir a um hospital central em caso de urgência como seja sinais de um enfarte do miocárdio ou de um acidente vascular cerebral.

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