Trabalhadores das cantinas e bares dos hospitais manifestaram-se hoje contra a falta de condições de trabalho, alertando que estão a pôr em causa a segurança alimentar.
“Estamos a pôr em causa a segurança alimentar”, foi o alerta dado pelo dirigente sindical do Serviço de Alimentação Hospitalar, António Baião, enquanto várias pessoas se manifestavam em frente ao Ministério da Saúde, em dia de greve nacional dos trabalhadores das cantinas escolares e hospitalares.
Cerca de duas centenas de trabalhadores das unidades hospitalares aderiram hoje à greve nacional, promovida pela Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo em Portugal (FESAHT), para exigir melhores condições de trabalho.
“As unidades têm péssimas condições de trabalho, origem do desinvestimento total dos últimos anos e sem terem em conta que este é um aspeto bastante importante para a recuperação dos doentes”, disse à Lusa o dirigente sindical do Serviço de Alimentação Hospitalar.
Durante a manifestação, os trabalhadores afirmaram que o chão das cozinhas está a levantar e o teto a cair.
O dirigente sindical afirmou ainda que a greve é motivada pela falta de trabalhadores, pelos baixos salários, horários desregulados e a não verem reconhecida a sua antiguidade.
“O que está em causa é o futuro de um serviço extremamente importante de alimentação aos doentes nos hospitais e que não está a ter a atenção devida por parte dos governantes”, acrescentou.
António Baião disse ter havido uma grande adesão dos trabalhadores a esta greve, nomeadamente em Leiria, Coimbra e Covilhã, porque “as razões da luta são válidas”.
Os manifestantes gritaram vários alertas: “Quem trabalha tem razão, o Governo é que não”, “O aumento do salário é mesmo necessário” e “Governo escuta, trabalhadores estão em luta”.
Os trabalhadores das cantinas e bares escolares exigiram igualmente “condições mínimas de trabalho” e protestaram contra a falta de medidas por parte do Governo.
“Os trabalhadores não têm condições mínimas de trabalho. A DGESTE [Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares] e o Ministério da Educação não fiscalizam o cumprimento do caderno de encargos”, disse à Lusa Francisco Figueiredo, dirigente sindical da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo em Portugal (FESAHT).
O dirigente sindical referiu, à margem da manifestação conjunta com trabalhadores das cantinas hospitalares junto do Ministério da Saúde, que os trabalhadores têm condições inaceitáveis e que a maioria não tem fardas, calçado nem equipamentos para realizar as suas funções.
“Milhares de trabalhadores assinam contratos em setembro e depois são despedidos em junho e em julho. Nós temos vindo a reclamar porque esses trabalhadores ocupam postos de trabalho de caráter permanente, mas têm de passar ao quadro de empresa. Mas as empresas recusam fazer isso e o Ministério da Educação também”, protestou Francisco Figueiredo.
O FESAHT estima que cerca de 90% dos trabalhadores das cantinas escolares tenham aderido à greve nacional, garantido que enquanto não houver melhorias de condições, “as greves vão continuar”.