SAÚDE QUE SE VÊ

Covid-19: Casos positivos em Itália “são 10 ou 20 vezes mais” – estudo do Governo

LUSA
30-04-2020 15:15h

Os casos positivos do novo coronavírus, que segundo os dados oficiais superam os 200.000, “são 10 ou 20 vezes superiores”, indica hoje um estudo de especialistas epidemiológicos segundo o qual o Governo de Roma tem baseado a atuação sanitária.

“Atualmente, entre 3% a 4% da população pode estar infetada, o que equivale a dizer quatro milhões de pessoas, pelo que o número de casos positivos capazes de transmitir a infeção devem multiplicar-se por 10 ou 20. Estamos a falar de números muito maiores”, explicou Stefano Merler, da Fundação Bruno Kessler.

O estudo da fundação foi elaborado em conjunto com o Instituto Superior de Saúde (ISS) italiano, documento que vai servir de base para o Governo italiano começar a abrandar as restrições, de forma faseada, a partir de 04 de maio.

Segundo Merler, que falava na conferência de imprensa semanal que se realizou no ISS, as pessoas infetadas com a covid-19 mas assintomáticas podem atingir valores entre os 4% e os 7% da população.

E é com base no estudo que o Governo de Giuseppe Conte pretende começar a aligeirar as medidas de restrição a partir de 04 de maio, com a abertura das atividades industriais que, estima o executivo, permitirá o regresso ao trabalho de cerca de 4,5 milhões de pessoas.

Adiada foi a abertura, já reclamada por vários setores, de estabelecimentos comerciais, restaurantes e serviços, como salões de beleza.

Face às recomendações do estudo, o Governo decretou, entretanto, o encerramento definitivo de todas as escolas até ao próximo ano letivo.

Para Merler, se as escolas reabrissem agora, a taxa “R”, o termo epidemiológico que define o número de pessoas que um infetado pode contagiar, passaria do atual, inferior a 1 em todas as regiões, para 1,3.

“A curva da epidemia de covid-19 continua a diminuir substancialmente no número de sintomas e casos em todas as regiões”, afirmou o presidente do ISS, Sílvio Brusaferro, dando sequência aos alertas de Merler.

“As pessoas têm de saber, porém, que estamos no meio da epidemia e que o vírus continua a circular, embora se tenha registado uma diminuição de casos e de doentes nos cuidados intensivos”, acrescentou.

Brusaferro sublinhou que Itália está “ainda muito longe” da chamada “imunidade de grupo”, que geralmente ocorre quando cerca de 60% da população está afetada.

Segundo o presidente do ISS, a instituição calcula, por outro lado, que das mais de 27.000 pessoas que morreram devido ao novo coronavírus, “84% sofriam de mais de duas ou de três doenças”.

Brusaferro explicou ainda que as crianças menores de 15 anos “são 66% menos suscetíveis” a contrair o vírus do que os adultos entre os 15 e os 65 anos, enquanto os “adultos maiores de 65 anos são 47% mais suscetíveis de que os indivíduos na faixa etária entre os 15 e os 64”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 227 mil mortos e infetou quase 3,2 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.

MAIS NOTÍCIAS