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Covid-19: UE aprova 194 ME para países do Sahel e vai analisar pedido de anulação da dívida africana

LUSA
28-04-2020 21:39h

A União Europeia acordou hoje um financiamento de 194 milhões de euros para os países do G5 Sahel reforçarem as suas forças de segurança, tendo-se comprometido a analisar o pedido de anulação da dívida africana.

“Debatemos com os líderes dos países do G5 Sahel ações concretas para os ajudar a reduzir a ameaça terrorista”, anunciou o presidente do Concelho Europeu, Charles Michel, durante uma conferência de imprensa após uma videoconferência com os líderes de Mali, Níger, Burkina Faso, Mauritânia e Chade.

Já o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, recorreu ao Twitter para anunciar uma verba de 194 milhões de euros para “reforçar as forças de segurança e defesa interna e acelerar a reafetação do Estado e a prestação de serviços básicos em zonas frágeis” destes cinco países.

O principal foco desta iniciativa concentra-se na região conhecida como a zona das três fronteiras, entre Mali, Níger e Burkina Faso, palco comum da violência perpetrada por grupos ‘jihadistas’.

“A pandemia de covid-19 não pode fazer-nos esquecer o quanto a situação se está a deteriorar em todas as frentes numa região cujos desafios são também os nossos”, afirmou Borrell.

A União Europeia e os membros do G5 Sahel formalizaram a coligação para o Sahel em janeiro, durante a cimeira de Pau, no sudoeste de França.

“Estamos a tentar convencer outros parceiros a aderirem à coligação”, disse Charles Michel.

A coligação pretende apoiar os países do G5 Sahel em planos militares, civis e económicos, através de um apoio ao desenvolvimento.

Segundo Michel, a União Europeia concedeu 4,5 mil milhões de euros à região nos últimos seis anos.

Os países do Sahel enfrentam uma situação de deterioração da segurança, motivada pelo aumento da presença de grupos ‘jihadistas’, que tem levantado preocupação entre a comunidade internacional.

De acordo com a ONU, mais de 4.000 pessoas foram mortas em ataques terroristas em 2019 em Burkina Faso, Mali e Níger, tendo o número de pessoas deslocadas aumentado 10 vezes, ficando próximo de um milhão.

Além de uma força conjunta do G5 Sahel, a região conta também com a operação Barkhane, uma missão das Forças Armadas francesas no Mali, com mais de 4.500 militares.

Os líderes dos países do G5 Sahel apelaram também para a anulação total da dívida africana, uma medida que dizem permitir enfrentar os gastos com a saúde e com a economia provocados pelo combate à pandemia de covid-19.

Em 13 de abril, o Presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu que é importante apoiar África a lutar contra a pandemia de covid-19 “de forma eficaz”.

"Estamos num momento de verdade que exige mais audácia, é um momento de refundação. Temos de saber ajudar os nossos vizinhos de África a lutar contra o vírus de forma eficaz, mas também ajudá-los no plano económico ao anular massivamente a sua dívida", afirmou então o chefe de Estado numa mensagem transmitida na televisão francesa, referindo-se a um apelo que tem sido feito por vários países africanos.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 212 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 832 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África alcançou as 1.469, de acordo com dados divulgados esta tarde pela União Africana.

No total, foram registados 33.566 casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente.

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