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Covid-19: “O consumo de heroína e de álcool vão aumentar após a pandemia” – João Goulão

Canal S+ / TB
27-04-2020 16:17h

Se em plena crise sanitária o problema das dependências tem obrigado a esforços redobrados de ajuda da parte de psicólogos, das equipas de intervenção no terreno e das próprias autarquias, o Diretor-Geral do SICAD alerta para o que poderá acontecer na ressaca da pandemia. A conjuntura económica causará sofrimento, em particular aos mais frágeis, e com isso o consumo de heroína e de álcool poderão aumentar.

Os testemunhos de quem está na linha da frente da prestação de cuidados aos utentes em plena pandemia de COVID-19 revelam um aumento da pressão e dos pedidos de ajuda, pela dificuldade acrescida dos utentes na sua subsistência e, consequentemente, no acesso às drogas das quais dependem, de acordo com o Diretor-Geral do SICAD, João Goulão.
Esta é uma das populações mais vulneráveis, que abrange outros grupos de risco como é o caso dos sem-abrigo, e cujas dependências tornam fulcrais o consumo das respetivas substâncias, sustenta este especialista, esclarecendo ainda que para além dos pedidos que chegam das pessoas que vivem na rua, há agora uma nova população a requerer ajuda: os reclusos entretanto libertados temporariamente das prisões.

Fazer face a todas estas preocupações não é fácil, num contexto onde as equipas de tratamento estão limitadas na sua função. João Goulão explica que, no terreno, os profissionais vão-se revezando, e o atendimento à distância através do telefone e das ferramentas digitais assume maior protagonismo, assinalando também o importante papel de proximidade das autarquias e das forças vivas locais na tentativa de resolução das situações sociais mais graves.

A acrescer a tudo isto, a ameaça à saúde pública que é o novo coronavírus, e a maior exposição a uma potencial infeção de quem consome regularmente álcool e/ou fuma. No caso de muitos dos utentes do SICAD, a desorganização e a dificuldade no acesso a cuidados de higiene torna o risco ainda maior. João Goulão afirma que as equipas de intervenção no terreno estão preparadas para ajudar.

Na opinião do Diretor-Geral do SICAD, vão existir consequências graves no pós-COVID e o sofrimento será maior para as camadas da população mais frágeis. Fazendo o paralelismo com o que aconteceu na crise económica de 2010-2011, estima que os consumos de heroína e de álcool poderão subir significativamente, problema ao qual acrescerá desta vez a dificuldade de abastecimento e o consequente aparecimento de adulterantes, com repercussões ainda piores para a saúde. O SICAD está a preparar as suas equipas para essa realidade.

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