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Covid-19: Vários casos entre milhares de migrantes etíopes expulsos do Djibuti - OIM

LUSA
24-04-2020 17:53h

O Djibuti expulsou nas últimas semanas milhares de migrantes etíopes para o seu país de origem, tendo vários deles testado positivo ao novo coronavírus, anunciaram hoje as Nações Unidas.

A Organização Mundial da Migrações (OIM) estima que em abril "mais de 2.400 migrantes" foram repatriados para a Etiópia pelas autoridades do Djibuti, indicou Yvonne Ndege, porta-voz da agência das Nações Unidas.

"Mas com a pandemia ainda em curso, é uma situação que evolui e os dados mudam" alertou.

Deixados na fronteira, estes migrantes são colocados em quarentena na cidade etíope de Dire Dawa (no leste), disse, por seu lado, Zewdu Assefa, do Instituto Etíope de Saúde Pública.

Pelo menos quatro destes migrantes acolhidos em Dire Dawa testaram positivo para covid-19, precisou este responsável, mostrando-se preocupado com o facto de a movimentação destas pessoas poder contribuir para a propagação da doença.

Zewdu Assefa disse desconhecer se os migrantes foram testados antes de deixarem o Djibuti.

"Há uma preocupação e nós estamos a dar o nosso melhor para fazer face a esta situação", disse.

A maioria dos etíopes que quer emigrar para a Arábia Saudita à procura de trabalho passa pelo Djibuti, na expectativa de conseguir fazer a travessia do Mar Vermelho de barco.

O embaixador do Djibuti na Etiópia, Mohamed Idriss Farah, explicou que muitos desde migrantes ficaram bloqueados devido às restrições impostas às viagens pelas medidas de luta contra o novo coronavírus e queriam regressar à Etiópia.

No entanto, Zewdu Assefa estimou que pelo menos alguns foram vítimas de "deportações forçadas".

O Djibuti regista 999 casos confirmados de covid-19 numa população de cerca de um milhão de habitantes, o que representa a mais forte prevalência de infeções no continente, segundo o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC).

Este pequeno país realizou já o mesmo número de testes (mais de 11 mil) ao novo coronavírus que a vizinha Etiópia, o segundo país mais populoso de África, com mais de 100 milhões de habitantes, e que detetou 117 casos positivos da doença.

A Etiópia está também a enfrentar o regresso de mais de três mil migrantes expulsos da Arábia Saudita desde meados de março.

A coordenadora da ação humanitária das Nações Unidas para a Etiópia, Catherine Sozi, apelou, na semana passada, para uma pausa "nestas deportações em grande escala", sublinhando que elas aumentam as probabilidade de propagação do novo coronavírus.

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 200 mil mortos e infetou mais de 2,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 720 mil doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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